Relatora da ONU ameaçada ao estilo da máfia
Francesca Albanese acusa os EUA de intimidação através de meios mafiosos.
Francesca Albanese diz que está a ser alvo de intimidação por parte dos EUA, acusando o país de usar métodos que fazem “lembrar os da máfia”. “Querem intimidar-me a mim e a qualquer outra pessoa que tente dizer a verdade sobre o genocídio em curso em Gaza, utilizando métodos que fazem lembrar os utilizados pela máfia. Mas não vão conseguir, vou continuar a fazer o meu trabalho de cabeça erguida, exigindo a intervenção do Tribunal Penal Internacional (TPI)”, disse a relatora das Nações Unidas para a Palestina.
A jurista italiana redigiu seis relatórios referindo a necessidade de investigar crimes como a “detenção arbitrária, o tratamento de menores, o genocídio” e apelando ao TPI para apurar responsabilidades. No último relatório, Albanese referiu que 45 empresas privadas obtêm lucros à custa da destruição de vidas inocentes, entre as quais as norte-americanas Google, Microsoft, Amazon e IBM.
“Os EUA, neste momento, são um país alérgico à justiça e, por isso, impuseram sanções contra o TPI, ou contra qualquer pessoa que tente fazer cumprir a lei”, acusou Albanese.
Em entrevista ao jornal italiano ‘La Repubblica’, a relatora criticou as sanções que lhe foram impostas pela Administração norte-americana, considerando “intimidação” pelas posições que tem demonstrado sobre a situação na Faixa de Gaza.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, diz que Albanese não tem aptidão para desempenhar o cargo de relatora especial porque expressou “antissemitismo, apoio ao terrorismo e desprezo pelos EUA, Israel e pelo Ocidente”. A Amnistia Internacional considerou vergonhosa e vingativa a aplicação de sanções.
No inicio do mês, os EUA já tinham pedido ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que demitisse Albanese, alegando “má conduta” da diplomata italiana.
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