Renamo já lançou contra-ataques em Moçambique
Guerrilheiros ocuparam aldeia na Gorongosa e atacaram coluna militar
Guerrilheiros da Renamo ocuparam ontem a vila de Maringué, na região da Gorongosa, e atacaram uma coluna militar em retaliação pela ocupação da principal base do movimento pelas forças governamentais, na segunda-feira. O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, continua em parte incerta e teme-se que o país esteja à beira de nova guerra civil.
O contra-ataque da Renamo não terá provocado vítimas, mas grande parte da população de Maringué fugiu quando os guerrilheiros tomaram a cidade, às primeiras horas da madrugada, e cercaram a única esquadra da polícia. Mais tarde, em Muxungué, homens armados atacaram uma coluna militar governamental e conseguiram imobilizar uma viatura, mas os ocupantes escaparam a tempo.
Os ataques ocorreram poucas horas depois de o principal partindo da oposição ter considerado nulo o Acordo de Paz de 1992, na sequência do ataque do Exército contra a base de Satunjira, onde Afonso Dhlakama se encontrava aquartelado há cerca de um ano com algumas centenas de apoiantes. O líder da Renamo foi obrigado a fugir e estava ontem em parte incerta e várias fontes em Maputo diziam que poderá não conseguir controlar os seus homens.
O porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, considerou o ataque de segunda-feira como "uma declaração de guerra". Já o antigo ‘número dois’ do movimento, Raul Domingos, disse ontem à Lusa que o país vive uma situação de "guerra não declarada" e acrescentou que, pelo que conhece de Dhlakama, este irá certamente retaliar. A Renamo é hoje uma força bastante debilitada comparativamente aos anos da guerra civil moçambicana, mas mesmo assim tem capacidade para lançar um conflito localizado e cortar as principais vias de circulação de mercadorias e pessoas, afetando seriamente a economia.
Apesar da tensão crescente, o presidente moçambicano, Armando Guebuza, quer manter o diálogo, afirmando que o tempo "não é apropriado para inimizades", mas Afonso Dhlakama pôs como condição o fim da "perseguição militar".
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