Rússia anuncia trégua diária de cinco horas na Síria
Moscovo diz estar pronto para retirar civis de Ghouta através de um corredor humanitário.
A Rússia anunciou esta segunda-feira que o exército sírio cumprirá uma trégua diária de cinco horas em Ghouta, prazo durante o qual será aberto um corredor humanitário para levar apoio à população cercada naquela região próxima de Damasco.
Esta trégua fica aquém do cessar-fogo aprovado pela ONU no sábado e violado repetidamente. Há mesmo notícias de um novo ataque químico que terá matado pelo menos uma criança e deixado dezenas de pessoas em situação crítica.
"No domingo, dia 25, foram atendidos vários casos [de sintomas de intoxicação por cloro] no bairro de Shaifunyia", referiu uma fonte da oposição em Ghouta.
Moscovo anunciou ontem planos para a evacuação de civis durante a trégua e demarcou-se do ataque químico, dizendo mesmo que as notícias são pura calúnia e assegurando que o regime sírio não usa armas químicas. Os ataques em Ghouta, frisou o MNE russo, Sergei Lavrov, visam somente grupos terroristas e vão continuar independentemente do cessar-fogo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou que nem mesmo a luta contra o terrorismo desculpa a infração da "lei internacional e dos direitos humanos" das populações e considerou urgente "a entrega de ajuda humanitária, sem entraves e de forma segura, bem como a evacuação dos feridos em situação crítica". A ONU diz estar pronta para apoiar caravanas humanitárias.
Nas 48 horas após a aprovação do cessar-fogo morreram pelo menos 30 pessoas em bombardeamentos em Ghouta, entre as quais uma dezena de crianças. A resolução da ONU prevê o início de uma trégua humanitária "sem demora" e por um prazo de 30 dias.
Contudo, tanto os rebeldes como o regime infringiram a trégua. Uma fonte do governo de Bashar al-Assad afirma que a artilharia rebelde fez 36 mortos em Damasco nos últimos quatro dias.
PORMENORES
França alerta Turquia
O presidente francês, Emmanuel Macron, alertou ontem o homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, que o cessar-fogo aprovado no sábado também se aplica em Afrin, onde tropas turcas combatem há cinco semanas contra grupos curdos.
Portugal indignado
O MNE português, Augusto Santos Silva, afirmou-se "preocupado e até indignado" com as notícias de violações do cessar--fogo na Síria, mas destacou que o acordo da ONU prevê isenção para "as forças que tenham de se opor ao Daesh e aos grupos ligados à al-Qaeda".
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt