“Se o campo não produz, a cidade não come”: agricultores revoltados invadiram o centro de Madrid
Também na Grécia, como forma de protestos, milhares de agricultores passaram a noite em frente ao Parlamento, em Atenas.
Há um sentimento de revolta generalizado no setor da agricultura, com os protestos a subirem de tom um pouco por toda a parte, ainda que por motivos diferentes.
Esta quarta-feira foi a vez de centenas de tratores e milhares de pessoas invadirem Madrid, contestando as políticas e regulamentos europeus para o setor. “Amnistia para o campo, não burocracia”, “não somos a Espanha esvaziada, somos a Espanha abandonada”, “se o campo não produz, a cidade não come”, lia-se em alguns dos cartazes e faixas empunhados pelos agricultores ou colocados nos tratores.
A Espanha é o principal exportador da UE de frutas e legumes.
Também na Grécia a semana tem sido marcada por fortes protestos. Segunda-feira à noite, centenas de tratores e milhares de agricultores concentraram-se em frente ao Parlamento, em Atenas, e ali passaram a noite desta quarta-feira. Seja por este ou aquele motivo - custos de produção, aumento dos impostos, imposição de regras ambientais severas, redução significativa das margens de lucro, concorrência desleal -, a conclusão de quem vive da terra é a mesma: o nível de vida dos agricultores piorou e não se perspetivam melhoras. O caso grego é elucidativo. Segundo os sindicatos, em dez anos a Grécia perdeu 600 mil agricultores, ao passar de um milhão para os 400 mil.
Na fronteira entre a Polónia e a Ucrânia têm-se vivido momentos de tensão, com os agricultores polacos a protestarem contra o que designam de “fluxo descontrolado de mercadorias ucranianas”. Varsóvia permite a passagem de produtos da Ucrânia com destino a outros países, mas os agricultores alegam que acabam por ficar na Polónia. Camionistas ucranianos têm respondido com bloqueio à entrada de camiões polacos e Kiev ameaça limitar importações de produtos alimentares.
Agricultores oferecem trator ao Papa
Há vários dias em protesto, os agricultores italianos ofereceram um trator ao Papa Francisco. Além do veículo, também ofereceram farinha, uma imagem de Cristo, encontrada num campo enquanto um agricultor o lavrava, e um sino usado para chamar os animais. Todos símbolos do esforço dos agricultores. “Com imensa gratidão, agradecemos ao Santo Padre por nos ter acolhido e invocamos o seu apoio e bênção. Oferecemos-lhe um trator, símbolo do nosso esforço”, referem os agricultores.
Com a devida autorização, o Movimento Agrícola Federado também levou uma vaca para o Vaticano.
CONCORRÊNCIA DESLEAL
Os agricultores polacos continuam com a greve geral de 30 dias contra as importações baratas de produtos agroalimentares ucranianos. Queixam-se de concorrência desleal.
NEGOCIAÇÕES
O Governo indiano reabriu as negociações, mas a proposta não agradou aos agricultores, que estão em protesto há uma semana numa marcha em direção à capital, Nova Deli.
REIVINDICAÇÕES
Cerca de oito mil agricultores gregos juntaram-se em frente ao Parlamento, em Atenas, para exigir ao Governo a renegociação da Política Agrícola Comum da União Europeia.
NOVA MEDIDAS
Após protestos de várias semanas, o Governo francês anunciou que vai apresentar um novo projeto de lei que garanta que os agricultores não recebam abaixo dos preços de produção.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt