Starmer pede reforço dos meios de longo alcance de Kiev
Líder do Governo trabalhista britânico quer "colocar a Ucrânia na posição mais forte possível quando se aproxima o inverno"
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, pediu mais ações para reforçar a capacidade de longo alcance da Ucrânia, num encontro com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, antes de uma reunião dos aliados de Kiev.
"Penso que podemos fazer mais em termos de meios, particularmente meios de longo alcance", declarou Keir Starmer, antes da reunião, à tarde, da Aliança dos Voluntários, 26 países, sobretudo europeus, que apoiam Kiev.
"E, claro, há o trabalho vital da Aliança dos Voluntários em relação às garantias de segurança" a fornecer a Kiev, acrescentou.
A reunião entre Zelensky e Starmer ocorreu depois de o rei Carlos III ter concedido ao Presidente ucraniano uma nova audiência --- o terceiro encontro que mantêm no Reino Unido desde o início do ano.
O líder do Governo trabalhista britânico, que codirige esta aliança com o Presidente francês, Emmanuel Macron, quer "colocar a Ucrânia na posição mais forte possível quando se aproxima o inverno" face às forças de Moscovo, segundo o seu gabinete.
Nas últimas semanas, a Ucrânia tem sido alvo de cada vez mais ataques russos às infraestruturas energéticas, que ameaçam privar a população de eletricidade e aquecimento.
A Ucrânia produz alguns mísseis de longo alcance (Flamingo, Neptune) e recebe dos europeus os mísseis franceses Scalp e os britânicos Storm Shadow, mas em pequenas quantidades.
Solicitou, sem êxito, mísseis alemães Taurus, e o Presidente norte-americano, Donald Trump, recusou-se até agora a fornecer os mísseis Tomahawk que Zelensky esperava, após o homólogo russo, Vladimir Putin, avisar de que tal constituiria "uma nova escalada" no conflito, além de afetar as relações bilaterais entre a Rússia e os Estados Unidos.
Para financiar o fornecimento de "sistemas de longo alcance" à Defesa ucraniana, Starmer instará os parceiros da aliança a "concluírem o trabalho" sobre a utilização dos bens russos congelados em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, iniciada a 24 de fevereiro de 2022 e ainda em curso, indicou Downing Street.
Os líderes europeus reunidos em Bruxelas na quinta-feira deram um primeiro passo nesse sentido, ainda que hesitante, solicitando à Comissão Europeia para explorar formas de financiar a Ucrânia nos próximos dois anos, abrindo a porta a um empréstimo com base nesses bens congelados russos.
Imobilizados pelas sanções ocidentais, os bens representam cerca de 210 mil milhões de euros.
Esta proposta estará na agenda da cimeira europeia de dezembro, adiando, na prática, as decisões mais difíceis. Está formulada em termos vagos devido às reservas da Bélgica, onde se encontra a maior parte dos fundos.
A apreensão pura e simples destes bens é um limite para os países da União Europeia (UE), mas a Comissão Europeia propõe, com base nestes fundos, financiar um empréstimo de 140 mil milhões de euros a Kiev.
Em Bruxelas na quinta-feira, Zelensky tinha instado os líderes a tomarem esta medida e, à noite, mostrou-se otimista, saudando os "bons resultados" da cimeira.
Starmer elogiou os "enormes progressos" alcançados esta semana contra os hidrocarbonetos russos, após a decisão dos Estados Unidos de também impor sanções ao setor.
Trump resistiu durante muito tempo a tomar tais medidas, mas considerou que as suas conversações com Putin não estavam a levar "a lado nenhum".
Estas sanções implicam o congelamento de todos os bens das gigantes petrolíferas Rosneft e Lukoil nos Estados Unidos e a proibição de todas as empresas norte-americanas de negociarem com elas.
Moscovo classificou as sanções norte-americanas como contraproducentes, afirmando Putin que não terão "impacto significativo" na economia russa.
A reunião desta quinta-feira em Londres realiza-se de modo híbrido: a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, o homólogo neerlandês, Dick Schoof, e o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, estarão presentes, ao passo que outros 20 líderes -- entre os quais Emmanuel Macron, participarão por videoconferência.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt