Teerão garante que Agência Internacional de Energia Atómica está atualmente a inspecionar instalações nucleares

Irão tem-se mostrado cauteloso em dar acesso total aos inspetores após a guerra de 12 dias com Israel, em junho.

26 de setembro de 2025 às 23:28
Central nuclear Foto: d.r.
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Elementos da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) estão atualmente no Irão a inspecionar as instalações nucleares, garantiu esta sexta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, na véspera da entrada em vigor de sanções devido ao seu programa nuclear.

"Estão atualmente no Irão, a inspecionar as nossas infraestruturas, de acordo com um acordo que fiz com Rafael Grossi", o diretor da agência nuclear da ONU, frisou Abbas Araghchi, numa reunião do Conselho de Segurança da ONU.

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No início deste mês, o organismo de vigilância nuclear da ONU e o Irão assinaram um acordo mediado pelo Egito para abrir caminho à retoma da cooperação, incluindo formas de relançar as inspeções nas instalações nucleares iranianas.

No entanto, o Irão ameaçou rescindir o acordo e cortar toda a cooperação com a AIEA caso as sanções da ONU sejam reimpostas.

O Irão tem-se mostrado cauteloso em dar acesso total aos inspetores após a guerra de 12 dias com Israel, em junho, que viu israelitas e norte-americanos bombardearem instalações nucleares iranianas, pondo em causa as reservas de urânio enriquecido de Teerão, quase a níveis adequados para a produção de armas.

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Teerão acreditava também que a AIEA tinha alguma responsabilidade pelo desencadeamento deste ataque surpresa israelita, dado que foi lançado no dia seguinte à aprovação de uma resolução crítica sobre o programa nuclear iraniano na sede da agência em Viena.

Também um diplomata próximo da AIEA confirmou esta sexta-feira à agência Associated Press (AP) que os inspetores estão atualmente no Irão, onde inspecionam um segundo local não danificado, e não deixarão o país antes da esperada reimposição das sanções este fim de semana.

Os inspetores da AIEA assistiram anteriormente a uma troca de combustível na Central Nuclear de Bushehr nos dias 27 e 28 de agosto.

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Os europeus disseram que esta ação por si só não é suficiente para impedir a entrada em vigor das sanções no sábado.

As sanções ao Irão, por causa do programa nuclear, entram em vigor no sábado, depois de o Conselho de Segurança da ONU ter rejeitado um adiamento de seis meses.

O Conselho rejeitou uma resolução, apresentada pela Rússia e pela China, por quatro votos a favor e nove contra, mais duas abstenções, pelo que a iniciativa não reuniu os nove votos necessários para ser aprovada.

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As sanções entrarão em vigor às 13:00 de Lisboa, de acordo com Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, citado pela agência de notícias espanhola EFE.

As sanções, conhecidas como 'snapback', foram promovidos por três países europeus, França, Alemanha e Reino Unido - o designado grupo E3 -, que consideram que Teerão não cumpriu os compromissos de limitação do programa nuclear previstos no acordo alcançado em 2015.

O acordo limitou o programa iraniano e foi abandonado pelos Estados Unidos em 2018, enquanto o Irão acusa o E3 não cumpriu a sua parte do acordo.

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As resoluções da ONU visam conter o enriquecimento de urânio e o programa de mísseis iraniano e autorizar inspeções de aeronaves e navios da República Islâmica, bem como o congelamento de ativos económicos iranianos em todo o mundo e proibições de viagens a indivíduos e entidades do país persa.

Teerão defende que estas sanções da ONU devem ser "focadas na não-proliferação nuclear e militar" e não na economia.

O Irão já está sujeito a inúmeras sanções dos EUA que limitam a capacidade do país persa de negociar com outros países e, especialmente, vender petróleo, gás e derivados.

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Apesar disso, a República Islâmica produz 4,8 milhões de barris por dia de petróleo bruto, condensados e gás natural e exporta 2,6 milhões de barris por dia, principalmente para a China, de acordo com um relatório de junho da Agência Internacional de Energia.

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