Terceiro maior temporal em 64 anos leva o caos a São Paulo

Proteção Civil disparou um alerta de 'Perigo Severo', um tipo diferente dos alertas habituais.

25 de janeiro de 2025 às 14:25
Mau tempo em São Paulo Foto: Tuane Fernandes/ Reuters
Mau tempo em São Paulo Foto: Tuane Fernandes/ Reuters
Mau tempo em São Paulo Foto: Tuane Fernandes/ Reuters

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Um violento temporal que ultrapassou em muito a previsão de chuva para o dia levou o caos a São Paulo, a maior cidade do Brasil, na tarde e noite desta sexta-feira. O mau tempo interditou as principais vias, paralisou duas linhas do Metropolitano e uma linha dos comboios suburbanos de superfície e fez desabar parte do teto de um dos maiores centros comerciais da cidade. Até este sábado, a Proteção Civil não tinha informações sobre vítimas fatais, mas os danos foram enormes em toda a cidade e houve momentos de altíssimo risco e medo para pessoas apanhadas pela enxurrada dentro de carros e até no Metro.

Em pouco mais de uma hora de chuva torrencial, acompanhada de rajadas de vento superiores a 70 km e granizo, choveu na capital paulista 125 mm. Para se ter uma ideia do verdadeiro dilúvio que a cidade enfrentou nesse curto espaço de tempo, nos 23 dias anteriores deste mês de janeiro tinha chovido somente 86 mm.

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De acordo com a Proteção Civil, este volume de chuva foi o terceiro maior registado na cidade, de 12,5 milhões de habitantes, desde o ano de 1961, ou seja, há 64 anos. Pela primeira vez desde que o sistema foi criado, a Proteção Civil disparou um alerta de 'Perigo Severo', um tipo diferente dos alertas habituais que ficam na área das mensagens, pois este aparece na tela principal dos telemóveis, sobrepõe-se a qualquer função que esteja aberta e só desaparece depois de ser lido.

Numa das cenas que teve maior repercussão e foi transmitida quase ao vivo pelas emissoras de televisão através de vídeos enviados por pessoas que ficaram presas no local, a estação do Metropolitano Jardim São Paulo-Ayrton Senna, na zona norte da cidade, foi invadida por uma gigantesca enxurrada que desceu da avenida, tomou conta das escadas fixas e rolantes, inundou as plataformas de embarque e levou pânico à multidão de passageiros que esperavam transporte. Apavoradas ante o volume e a força da corrente formada muitos metros abaixo do nível da rua, homens, mulheres e crianças agarraram-se a grades, a colunas e ao que puderam para não serem arrastadas para a linha, a essa hora ainda eletrificada.

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A circulação foi interrompida durante horas na linha 1 Azul a partir da estação de Santana até à de Tucuruvi, na zona norte, e também na Linha 2 Verde igualmente devido à entrada de água da chuva em diversas estações. Na Linha 3 Vermelha, o intervalo entre as composições, que geralmente é de pouco mais de um minuto, chegou a ser de até 15 minutos, gerando enorme tumulto nas estações.

Os comboios de superfície também foram afetados, a linha Rubi, que liga a capital à área metropolitana ficou interrompida por horas em parte do percurso devido ao nível da água sobre os carris, e nas outras linhas que cortam a metrópole as composições circularam durante horas com lentidão. Como já se tornou uma triste rotina em São Paulo cada vez que chove, pelo menos 180 mil imóveis ficaram sem energia na cidade.

No Shopping Center Norte, um dos maiores do Brasil, parte do teto não resistiu ao volume de chuva e desabou, ocasionando mais cenas de pânico entre a multidão de clientes e outras pessoas que se tinham refugiado naquele centro comercial imaginando estar a salvo da chuva, mas ninguém ficou ferido gravemente, pois os estalos ouvidos antes do colapso permitiram correr para lugar seguro. Em muitas ruas da gigantesca capital do estado de São Paulo, a coragem e a solidariedade de populares evitou o pior para motoristas e passageiros de carros apanhados no meio da enxurrada formada sobre o asfalto, tirados de dentro dos veículos a boiar e já inundados e sem qualquer controlo.

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