Três jornalistas turcos detidos após notícia sobre parcialidade de Procurador-Geral de Istambul

Detenção foi condenada pelos Repórteres sem Fronteiras.

09 de fevereiro de 2025 às 17:53
polícia, turca, istambul, turquia Foto: Tolga Bozoglu/EPA
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Três jornalistas do diário turco de esquerda BirGün foram detidos e interrogados pela polícia ao abrigo da legislação antiterrorista e, posteriormente libertados, na sequência de uma notícia sobre o Procurador-Geral de Istambul, anunciou este domingo o jornal.

Esta detenção "motivada por uma notícia que criticava a imparcialidade do procurador é injustificada e inaceitável", disse Erol Önderoglu, da Repórteres sem Fronteiras (RSF), na rede social X.

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Os jornalistas Ugur Koç e Berkant Gültekin, que trabalham para a edição `online´ do BirGün, bem como o diretor editorial, Yasar Gökdemir, são suspeitos de terem atacado pessoas "envolvidas na luta contra o terrorismo", disse o editor-chefe da BirGün, Ibrahim Varli, igualmente na rede social X.

Os jornalistas foram detidos em casa e, depois, transportados para o Tribunal de Istambul, em Caglayan.

Cerca de uma centena de manifestantes reuniram-se à porta do tribunal para apoiar os jornalistas e exibindo cartazes onde se lia "BirGün não ficará calado" ou "o jornalismo não é um crime", constatou um correspondente da Agence France-Press (AFP).

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Segundo Varli, os investigadores acusam os jornalistas de terem relatado um encontro entre um jornalista do diário pró-governamental Sabah e o Procurador-Geral de Istambul, Akin Gürlek, encontro esse que foi mencionado no Sabah.

"Estão a tentar intimidar a imprensa e a sociedade com investigações e detenções", lamentou.

Nos últimos meses, foram abertos vários inquéritos judiciais sobre notícias ou comentários relativos ao procurador de Istambul.

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As autoridades turcas perseguem regularmente jornalistas, advogados e representantes eleitos, tendo o número de casos aumentado nas últimas semanas.

Três jornalistas da estação de televisão da oposição turca Halk TV foram detidos no final de janeiro, tendo sido acusados de transmitir uma entrevista, realizada sem o seu conhecimento, a um perito forense nomeado no âmbito de uma investigação sobre o presidente da Câmara de Istambul, Imamoglu.

Dois dos jornalistas ficaram em liberdade condicional, mas o diretor, Suat Toktas, continua em prisão preventiva.

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A atriz Melisa Sözen, que interpretou uma combatente curda na série francesa "Le Bureau des Légendes", foi interrogada esta semana pela polícia por suspeita de "propaganda terrorista", segundo a agência DHA e a Halk TV.

A investigação, iniciada pelo Ministério Público de Istambul, referia-se ao uniforme que a atriz usava na série, que seria semelhante ao dos combatentes curdos sírios do YPG, que Ancara considera afiliados ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

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