Trump ordena bloqueio naval à Venezuela
Medida abrange apenas os petroleiros anteriormente sancionados por transportarem crude venezuelano.
O presidente norte-americano, Donald Trump, ordenou esta quarta-feira a imposição de um "bloqueio total" a todos os petroleiros sancionados que tentarem entrar ou sair da Venezuela, em mais uma escalada na campanha de pressão contra o regime de Nicolás Maduro.
"A Venezuela está completamente cercada pela maior armada jamais reunida na História da América do Sul. O cerco vai aumentar ainda mais e os venezuelanos vão enfrentar um choque nunca antes visto, até devolverem aos EUA todo o petróleo, terras e outros ativos que nos roubaram. Por isso, decidi hoje ordenar um bloqueio total e completo contra todos os petroleiros sancionados que tentarem entrar ou sair da Venezuela", escreveu Trump na plataforma Truth Social, classificando o regime venezuelano como uma "organização terrorista internacional" que "usa petróleo de jazidas roubadas para financiar o terrorismo da droga, o tráfico humano, homicídios e sequestros".
A medida abrange apenas os petroleiros anteriormente sancionados pelos EUA por transportarem crude venezuelano em violação das sanções internacionais contra o regime de Caracas. Na semana passada, recorde-se, os EUA já tinham apreendido nas Caraíbas um superpetroleiro sancionado que transportava mais de 1,6 mil milhões de barris de crude venezuelano, e que alegadamente pertence à 'frota fantasma' usada por Caracas para contornar as sanções internacionais. Os EUA calculam que haverá neste momento mais de uma dezena de petroleiros sancionados em águas venezuelanas.
O Governo venezuelano classificou o bloqueio naval norte-americano como "uma ameaça grotesca" que "viola a lei internacional, o comércio livre e o princípio da livre navegação". "O presidente dos EUA assume que o petróleo, as terras e as riquezas minerais da Venezuela são propriedade sua e exige que lhe sejam entregues. O único objetivo deste bloqueio naval que pretende impor de forma completamente irracional é roubar a riqueza que pertence a esta nação", denunciou o regime da Caracas.
Hegseth recusa divulgar vídeo de ataque polémico
O Secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth, disse esta quarta-feira que o Pentágono não vai divulgar o vídeo do ataque que provocou a morte de dois alegados traficantes de droga que tinham sobrevivido a um primeiro ataque aéreo norte-americano nas Caraíbas, em setembro. O caso está a provocar acesa polémica nos EUA porque Hegseth foi acusado de ter dado ordem para “matar todos” os tripulantes do barco. Após um primeiro ataque, a 2 de setembro, um vídeo mostra que dois traficantes sobreviveram e estavam agarrados aos destroços do barco. Foi nessa altura que Hegseth terá dado a ordem para lançar o segundo ataque, provocando a morte dos dois sobreviventes, o que poderá constituir um crime de guerra. O Pentágono tinha inicialmente admitido divulgar publicamente o vídeo, mas Hegseth anunciou agora que não o fará por se tratar de “informação classificada”.
“Ato de guerra”
O congressista Joaquín Castro, do Partido Democrata, disse que o bloqueio naval imposto por Trump à Venezuela “é, inquestionavelmente, um ato de guerra”. “Esta é uma guerra que não foi autorizada pelo Congresso e que o povo norte-americano não quer”, denunciou o congressista.
Companhias aéreas alertam
A agência federal de aviação dos EUA (FAA) emitiu esta quarta-feira um novo alerta às companhias aéreas internacionais que operam no espaço aéreo venezuelano, apontando para os perigos associados à crescente atividade militar na região. Aeronaves “devem exercer cautela face à deterioração da situação de segurança”, avisou a agência.
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