Trump suspende negociações comerciais com Tailândia devido a tensões com Camboja

Conversas serão retomadas "assim que a Tailândia reafirmar o seu compromisso" com acordo mediado por Trump.

15 de novembro de 2025 às 15:10
Tensões na fronteira entre a Tailândia e o Cambodja motivaram decisão de Washington Foto: Presidential Office of Ukraine/AP
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Os Estados Unidos suspenderam as negociações de um acordo comercial com a Tailândia devido às tensões na fronteira com o Camboja, após Banguecoque suspender um entendimento de paz assinado em outubro com a mediação do Presidente norte-americano.

Num comunicado divulgado no sábado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Tailândia informou ter recebido uma carta do Governo norte-americano a anunciar a decisão de suspender temporariamente as negociações, que "poderão ser retomadas assim que a Tailândia reafirmar o seu compromisso" com a implementação do acordo intermediado pelo líder da Casa Branca, Donald Trump.

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Washington afirmou na sua carta, segundo Banguecoque, que espera que a Tailândia e o Camboja possam "chegar a uma solução para esta questão o mais rapidamente possível", três dias depois de as forças armadas de ambos os países se terem acusado mutuamente de troca de tiros na fronteira comum, resultando numa morte e três feridos do lado cambojano.

"A Tailândia manifestou a sua deceção com esta abordagem, dado que tem repetidamente enfatizado que as questões de segurança não devem estar ligadas às questões comerciais em discussão entre a Tailândia e os Estados Unidos, que representam os interesses mútuos de ambos os países", prosseguiu o comunicado.

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A diplomacia de Banguecoque reiterou que procurará "expandir as oportunidades económicas através de negociações de acordos de comércio livre abertura de novos mercados e participação em estruturas de cooperação económica internacional".

O Governo tailandês, liderado pelo primeiro-ministro Anutin Charnvirakul, declarou a sua disponibilidade para apoiar os Estados Unidos e reconheceu o seu papel na redução das tensões com o Camboja, "para preparar o caminho para uma paz duradoura".

No entanto, durante uma conversa telefónica na sexta-feira à noite, Anutin disse a Trump que, na situação atual, a Tailândia "deve reservar-se o direito de tomar as medidas necessárias para proteger a sua soberania", enquanto se aguarda o reconhecimento do Camboja de que violou o acordo.

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A Tailândia suspendeu o acordo de paz com o Camboja na segunda-feira, depois de um dos seus soldados ter perdido a perna devido a uma mina terrestre.

As autoridades tailandesas alegam que a mina foi recentemente plantada na zona fronteiriça, enquanto Phnom Penh afirma que era um resquício de conflitos passados.

Trump disse aos jornalistas na sexta-feira que o mero anúncio de potenciais tarifas comerciais dos Estados Unidos era suficiente para evitar uma escalada entre os dois países, depois de ter falado separadamente com Anutin e com o primeiro-ministro cambojano, Hun Manet.

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Banguecoque e Phnom Penh disputam a soberania sobre alguns territórios ao longo da sua fronteira, que foi cartografada pela França em 1907, quando o Camboja era uma colónia francesa.

Este conflito intensificou-se no final de julho, durante cinco dias de confrontos que fizeram cerca de 50 mortos e dezenas de feridos de ambos os lados.

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