UE financia modelo de turismo sustentável na ilha cabo-verdiana do Maio
Histórica importância do sal na vida do Maio está em destaque no novo Centro de Interpretação das Salinas do Porto Inglês.
A União Europeia (UE) vai financiar com três milhões de euros um programa de desenvolvimento da ilha cabo-verdiana do Maio, para reforçar o modelo de turismo sustentável e integrado com a comunidade local, foi este domingo anunciado.
O anúncio foi feito durante a visita conjunta que a embaixadora da UE, Sofia Moreira de Sousa, e os embaixadores dos Estados-membros residentes em Cabo Verde (Equipa Europa) estão a realizar à ilha do Maio desde sábado, juntamente com o Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, e o vice-primeiro-ministro, Olavo Correia.
A visita serviu para oficializar o encerramento do projeto de turismo solidário e comunitário da ilha do Maio, "que trabalhou na dinamização de atividades económicas tradicionais e revitalização do empreendedorismo jovem", indicou fonte da Embaixada da UE.
Ainda na ilha do Maio, em conjunto com a Câmara Municipal e parceiros da sociedade civil, como o Instituto Marquês Valle Flor (IMVF), a Associação de Defesa do Património de Mértola e a Fundação Maio Biodiversidade, foi apontado o "empenho conjunto" no programa de desenvolvimento territorial "Maio 2025", que conta com a contribuição europeia de três milhões de euros.
"Visando reforçar um modelo de turismo sustentável, este financiamento irá contribuir para a consolidação do tecido económico e social, reforçando a integração da comunidade local na economia do turismo da ilha", explicou a mesma fonte, acrescentando que o programa prevê a criação de um Centro de Negócios no Maio, a qualificação profissional de jovens, ações de conservação ambiental e o reforço da sensibilização, entre outras ações.
Nos últimos anos, através de financiamento europeu e dos Estados-membros, a ilha do Maio já beneficiou de programas de requalificação urbana, na melhoria no acesso à água e saneamento, ou pela construção de um centro de interpretação das Salinas, além da reabilitação de escolas.
A Embaixada da UE em Cabo Verde garante o investimento na ilha do Maio será continuado com o foco, nos próximos anos, "num modelo de crescimento económico verde e inclusivo", centrado no turismo verde e na criação de emprego, nas energias renováveis, no acesso generalizado à água e ao saneamento, e na economia azul.
"Com a crise da pandemia esta aposta ganha ainda maior relevância pois contribuirá para um modelo de desenvolvimento mais sustentável, podendo vir a diferenciar e potenciar o Maio em relação a outros mercados turísticos. A promoção da "Economia Verde" é uma ambição partilhada pela União Europeia e Cabo Verde", destaca a Embaixada, num comunicado sobre esta visita.
A histórica importância do sal na vida do Maio está em destaque no novo Centro de Interpretação das Salinas do Porto Inglês, inaugurado em 2019, promovido pela organização não-governamental (ONG) portuguesa IMVF, inserido no apoio da UE.
O projeto é da responsabilidade do IMVF, cofinanciado pela União Europeia e pelo instituto Camões em mais de 101 mil euros, executado em parceria com as câmaras municipais de Loures e do Maio.
Das salinas daquela ilha já foram extraídas, ao longo dos séculos e essencialmente de forma tradicional, toneladas de sal, produto que desde o século XVII colocou Maio no mapa dos comerciantes, interessados num negócio que já foi mais lucrativo quando era exportado para o Brasil.
A atividade permanece marcadamente artesanal, mas a cooperativa local, formada por mulheres da ilha do Maio e dinamizada por este projeto da ONG portuguesa, tem vindo a desenvolver novos nichos de mercado para sua comercialização, incluindo o turismo.
De acordo com fonte do IMVF, trata-se de "um espaço de dinamização cultural da ilha do Maio no âmbito do qual será divulgada e partilhada a história e cultura da ilha".
"Com especial destaque para o papel das salinas e do comércio do Sal. Serão também inaugurados um Posto de Observação de Aves e Trilhos para passeios nesta área protegida, com o objetivo de promover o turismo de natureza na ilha, valorizando as características paisagísticas e a fauna das salinas", destaca o IMVF.
O Projeto de Dinamização e Requalificação Turística na Ilha do Maio foi iniciado desde março de 2016, visando melhorar as condições de vida da população local, promovendo o empreendedorismo local e a requalificação urbana como fatores de desenvolvimento socioeconómico, turístico e cultural sustentável.
Beneficia diretamente 20 mulheres, membros da Cooperativa do Sal do Maio, ainda dez artesãos e pequenos produtores locais, seis técnicos municipais, além de apoiar 13 associações comunitárias.
Indiretamente, os promotores garantem que os 8.000 habitantes do Maio são beneficiados por este projeto, que envolveu a criação de uma salina intensiva, incluindo para banhos terapêuticos de sal, bem como a melhoria das instalações da própria Cooperativa de Sal que existe na ilha.
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