Um dos cinco europeus proibidos de entrar nos EUA contra-ataca na Justiça
Trump está a realizar uma ofensiva de grande envergadura contra as normas da União Europeia sobre tecnologia.
Um dos cinco cidadãos europeus que defendem uma regulamentação mais rigorosa das tecnologias de informação, proibidos de entrar nos Estados Unidos, interpôs uma ação judicial contra o Governo Trump, afastando temporariamente o risco de deportação do país onde reside.
A queixa do cidadão britânico Imran Ahmed, apresentada na quarta-feira num tribunal de Nova Iorque, indica que este enfrenta a "perspetiva iminente de detenção inconstitucional, detenção punitiva e deportação", que um juiz esta quinta-feira bloqueou temporariamente.
Está marcada para segunda-feira uma audiência preliminar, segundo uma decisão judicial.
"O Governo federal [norte-americano] deixou claro que o senhor Ahmed é alvo de 'SANÇÕES' devido ao trabalho da organização não-governamental (ONG) que fundou e dirige, o Center for Countering Digital Hate (CCDH)", refere a queixa judicial.
Aquele centro analisa as políticas de moderação das principais plataformas de redes sociais e denunciou muitas vezes as práticas da X, ex-Twitter, propriedade do multimilionário Elon Musk, aliado do Presidente norte-americano, Donald Trump.
Os Estados Unidos sancionaram na terça-feira Ahmed, outros três representantes de ONG que combatem a desinformação e o discurso de ódio 'online' (Clare Melford, que dirige o GDI, um índice de desinformação no Reino Unido; Anna-Lena von Hodenberg e Josephine Ballon, da ONG alemã HateAid), e um ex-comissário europeu para os Assuntos Digitais, o francês Thierry Breton.
As ações destes cidadãos configuram "censura extraterritorial" em detrimento dos interesses norte-americanos, justificou o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, na rede social X.
Mais especificamente, o Governo dos Estados Unidos acusa a ONG de Imran Ahmed de ter "pedido às plataformas que removessem 12 [defensores] antivacinas norte-americanos das suas listas", entre os quais o atual secretário da Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., precisou na rede social X a subsecretária de Estado para a Diplomacia Pública, Sarah Rogers.
No ano passado, um tribunal da Califórnia rejeitou também um processo interposto pela rede social X que acusava o CCDH de levar a cabo uma campanha de difamação.
Marco Rubio e Sarah Rogers, a Procuradora-Geral, Pam Bondi, e a secretária da Segurança Interna, Kristi Noem, e ainda o diretor do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE), Todd Lyons, são visados no processo interposto por Imran Ahmed.
Este cidadão britânico de 47 anos, de origem afegã, vive legalmente nos Estados Unidos desde 2021 e tem um "green card" de residência permanente, segundo o processo. A sua mulher e a filha são cidadãs norte-americanas.
Num comunicado esta quinta-feira enviado à agência de notícias francesa AFP, Ahmed assegurou que "não se deixará intimidar ou desviar do trabalho da [sua] vida".
Trump está a realizar uma ofensiva de grande envergadura contra as normas da União Europeia sobre tecnologia, que impõem às plataformas digitais obrigações, em particular de denúncia de conteúdos problemáticos, o que os Estados Unidos consideram censura.
Contactado pela AFP para um comentário sobre o assunto, o Departamento de Estado norte-americano não respondeu até agora.
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