Vatileaks: começa julgamento no Vaticano

Em causa roubo e divulgação de documentos reservados.

24 de novembro de 2015 às 14:52
24-11-2015_14_47_13 11046031.JPG Foto: Alessandro Bianchi/Reuters
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Começou esta terça-feira no Vaticano o julgamento de cinco pessoas acusadas de "roubo e divulgação ilícita de documentos reservados".

Entre os réus está o padre espanhol Lucio Vallejo Balda, ex-secretário da extinta Comissão Investigadora dos Organismos Económicos e Administrativos da Santa Sé (COSEA), criada pelo Papa Francisco para investigar o estado das finanças da Santa Sé. A ex-relações públicas italiana Francesca Chaouqui, o ex-colaborador da COSEA Nicola Maio e os jornalistas italianos Gianluigi Nuzzi e Emiliano Fittipaldi são os restantes arguidos.

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O julgamento, que está a ser dirigido por três juízes, decorre da publicação de dois livros assinados por estes dois jornalistas, que retratam um Vaticano assolado por má gestão, ganância e corrupção e onde o papa Francisco enfrenta forte resistência da velha guarda para impor a sua agenda de reformas.

À entrada para o Tribunal do Vaticano, os dois repórteres recusaram ter feito algo de errado, frisando que apenas cumpriram o seu dever profissional. Já o Vaticano sustenta que as obras Via Crucis" e "Avarizia", dão uma versão "parcial e tendenciosa" e acusa os escritores de tentar colher vantagens financeiras de documentos roubados. Os livros foram publicados no início deste mês.

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No indiciamento emitido no sábado passado, os promotores acusam Balda, Chaouqui e Maio de terem formado "uma associação criminosa organizada" com o objectivo de "divulgar informações e documentos relativos aos interesses fundamentais da Santa Sé e do Estado". Já os jornalistas são acusados pela divulgação dos mesmos. Incorrem em penas que vão até oito anos de prisão efetiva.

Na segunda-feira, a entidade de direitos humanos, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), pediu ao Vaticano para retirar a acusação. "Os jornalistas devem ser livres para informar sobre questões de interesse público e para proteger suas fontes confidenciais", disse o representante da OSCE sobre a liberdade da comunicação social, Dunja Mijatovic. Também a federação dos jornalistas italianos, Associação de Imprensa Estrangeira de Itália e AIGAV, a associação de jornalistas credenciados para o Vaticano condenou o indiciamento dos jornalistas.

O padre Vallejo Balda está em prisão preventiva no Vaticano desde 1 de Novembro, enquanto Francesca Chaouqui foi detida e posteriormente libertada por colaborar com a investigação. Já os jornalistas Gianluigi Nuzzi e Emiliano Fittipaldi, autores dos livros com documentos reservados da Santa Sé, estavam a ser investigados desde o passado dia 11 a propósito deste caso.

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