Polícia Federal desencadeou ao amanhecer desta quinta-feira uma grande operação contra o senador.
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O juíz Edson Fachim, relator no Supremo Tribunal Federal dos processos da operação anti-corrupção 'Lava Jato' que envolvem políticos, sentenciou esta quinta-feira a suspensão do mandato parlamentar do senador Aécio Neves, presidente do PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira -, o segundo maior do Brasil.
Derrotado por Dilma Rousseff nas presidenciais de 2014, Aécio Neves transformou-se no principal aliado do agora presidente Michel Temer, do PMDB - Partido do Movimento Democrático Brasileiro -, que sucedeu a Dilma quando esta foi destituída em Agosto do ano passado.
Ao mesmo tempo, e na sequência dessa decisão de Fachim, a Polícia Federal desencadeou ao amanhecer desta quinta-feira uma grande operação contra Aécio, familiares e assessores em vários estados do Brasil. Munidos de mandados de busca e apreensão assinados por Edson Fachim, agentes federais invadiram no final da madrugada as residências e escritórios de Aécio e familiares dele no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em Brasília, inclusive com uma varredura no gabinete do senador no Congresso.
Uma irmã de Aécio, Andreia Neves, foi presa em casa, em Belo Horizonte, principal região eleitoral do senador. No apartamento do parlamentar no Rio de Janeiro e no gabinete de Brasília, os agentes federais apreenderam grande quantidade de documentos e equipamentos informáticos.
De acordo com informações que não foi possível confirmar oficialmente por causa do horário mas que circulavam intensamente em Brasília na manhã desta quinta-feira, o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que pediu a suspensão do mandato de Aécio, terá pedido igualmente a prisão do senador. Mas Edson Fachim aceitou apenas o afastamento do parlamentar do seu mandato e terá enviado o pedido de prisão para posterior análise do plenário do Supremo Tribunal, que reune todos os 11 juízes da casa.
Vaga de Denúncias
Aécio Neves foi uma das vozes captadas pelas gravações divulgadas ontem à noite pelo jornal O Globo e que abalaram fortemente também o aliado e actual presidente do país, Michel Temer. Nas gravações, feitas pelo mega-empresário Joesley Batista, dono da JBS, grupo de dimensão mundial na producção de proteína animal, Aécio pede uma ajuda financeira do equivalente a 588 mil euros, pela cotação de quarta-feira, para, segundo ele, pagar a advogados que o defendem na Lava Jato.
Segundo a Polícia Federal, o dinheiro foi pago a um familiar de Aécio, mas nunca chegou aos tais advogados. Segundo as autoridades, o montante foi entregue posteriormente a um outro aliado de Aécio, o também senador Zezé Perrela.
Além desta acusação, Aécio, que por muito pouco não se tornou presidente do Brasil em 2014, quando foi derrotado por Dilma por uma escassa margem, tem sido alvo de uma enorme vaga de denúncias de corrupção. Nas denúncias feitas por dezenas de executivos da Odebrecht "arrependidos" que passaram a colaborar com a justiça e foram divulgadas por Edson Fachim em Abril, Aécio é o mais citado, e o juíz do Supremo Tribunal autorizou nada menos de seis investigações contra o senador agora afastado, que ainda estão em curso.
Nas gravações divulgadas ontem à noite pelo jornal O Globo e que atingiram Aécio, Michel Temer também surge no que parece ser um acto de obstrucção à justiça, que pode custar-lhe o cargo. Segundo o jornal, Temer, numa reunião que o próprio Joesley Batista gravou, autoriza o pagamento de milhões ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, preso desde o ano passado por corrupção, para que não revele informações que ligariam o actual chefe de Estado à Lava Jato.
As acusações contra Aécio e Temer abriram uma nova e gravíssima crise política e institucional no Brasil, ainda não refeito da destituição de Dilma no ano passado. Desde a noite de quarta-feira, Brasília vive uma verdadeira convulsão política, o Congresso fechou apressadamente assim que a notícia começou a circular, Temer reuniu-se de emergência com ministros e conselheiros até de madrugada e já há aliados do governo a juntarem a sua voz aos opositores que exigem a renúncia ou a destituição do presidente. (FIM).
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