A história de um jovem casal afastado pelo conflito mas que nem por isso deixou de estar "perto".
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Mais de mil cartas de amor trocadas entre um jovem casal britânico durante a Segunda Guerra Mundial foram divulgadas depois de terem sido encontradas num sótão de casa da família. A correspondência conta a história de um romance entre Cyril e Olga Mowforth, casados apenas três meses antes de o homem ter partido para a guerra em 1940.
Durante os seis anos como comandante de tanques, lutou no Norte de África rumando depois à Europa. A unidade de Cyril foi a primeira a ser confrontada com os horrores de Belsen, um campo de concentração da Alemanha nazi no atual estado alemão da Baixa Saxónia.
A milhares de quilómetros estava Olga, confrontada diariamente com a ameaça dos bombardeiros alemães enquanto conduzia uma ambulância da proteção civil.
Os primeiros anos de casamento foram marcados pela distância e a dificuldade em amar. Mas nem a guerra e o horror que enfrentavam diariamente derrubou uma paixão que se manteve acesa através das mais de mil cartas manuscritas e os cartões postais que trocaram um com o outro durante o conflito.
Findada a guerra, todas as correspondências foram cuidadosamente guardadas pelo casal no sótão de casa. Só após a morte do pai, Cyril, na altura com 91 anos, é que a filha do casal Mowforth descobriu o tesouro da família.
Guardadas desde 1945, as cartas agora divulgadas são um testemunho comovente e marcante de um amor profundo separado por um dos momentos mais negros da história.
Sue Mowforth e os irmãos puderam pela primeira vez conheçer a história de amor dos pais em cartas que continham, para além das infindáveis mensagens de amor, observações sobre a guerra e as tropas inimigas e opiniões sobre música ou livros.
Sue demorou cerca de dois anos a ganhar coragem para ler todos os documentos guardados pelos pais.
"Elas mostram o quanto os nossos pais se amavam", refere Sue ao jornal britânico Mirror, lembrando que raramente falavam sobre esses tempos, mesmo depois de voltarem a estar juntos.
Onde tudo começou
As trocas de correspondência começaram quando Cyril foi enviado para o Norte de África. Era comandante do 42.º Regimento de Tanques. Lutou contra as forças alemãs e italianas. Participou na batalha de El Alamein, onde a vitória britânica marcou o início da derrota das forças do Eixo no Norte de África, foi um dos momentos decisivos da Segunda Guerra Mundial.
Já nessa altura Cyril comentava com Olga que a guerra poderia durar entre dois meses e 10 anos. "É melhor começarmos a olhar para o nosso passado, feliz", escrevia.
A comovente resposta chegava algum tempo depois, Olga não baixava os braços e prometia lutar pelo amor. "Você está errado, querido. Olhe para a frente. Essas memórias antigas são preciosas mas só até que façamos novas".
Muitas cartas perderam-se, outras atrasaram-se. Os tempos raramente foram fáceis para o jovem casal que, na verdade, não sabia até quando iriam receber resposta um do outro.
Em dezembro de 1940, Cyril participou na longa batalha de Bardia, na Líbia. Foram vários meses sem trocar mensagens com a mulher. Só em março é que Olga voltou a receber uma carta de Cyril: "Quando a batalha começou, não tive tempo para pensar em mais nada. Foi carregar, recarregar e recarregar novamente".
Cyril relatava que os soldados alemães não eram de todo uns "nazis fanáticos", muitos apenas tinham sido recrutados para combater.
Após vários anos, o casal voltou a estar junto, mas apenas temporariamente. Reuniram-se em maio de 1944, poucas semanas antes do Dia D.
Cyril viria a ser novamente enviado para a frente de batalha onde se juntou à força aliada em França. "Quatro anos disto e estou mais apaixonado do que nunca", declarava Cyril.
O regresso a casaDepois da libertação do campo de concentração de Belsen, Cyril acabou por voltar a casa. A guerra tinha terminado e, em março de 1946, o casal voltava finalmente a poder viver aquilo que tinha ficado em suspenso durante aqueles negros anos.
Assim foram felizes até 1972, ano em que Olga morreu, vítima de cancro.
Entretanto, Cyril tinha-se tornado professor numa escola. A mulher era até então a presidente de um Instituto da Mulher na zona onde viviam.
O homem acabou por morrer aos 91 anos, em 2004, deixando Sue e os irmãos John e Peter com um tesouro entre mãos que só mais tarde viriam a encontrar no sótão de casa.
Manuscritos que agora ficam eternizados e contam a história de um jovem casal separado pela Segunda Guerra.
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