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Bolsonaro não aceita mais “interferências” no seu governo

Presidente redobra ameaças após depoimento explosivo de Sérgio Moro à Polícia Federal.

05 de maio de 2020 às 08:36

Numa nova subida do tom beligerante, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou que está "no limite" e que não vai mais aceitar interferências no seu governo, numa aparente alusão ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal, que têm anulado ou alterado decretos presidenciais considerados abusivos. Ele fez as declarações à porta do palácio presidencial em Brasília, rodeado de apoiantes que pediam o encerramento do parlamento e do Supremo e uma intervenção militar para perpetuar Bolsonaro no poder.

"Chegámos no limite, não tem mais conversa. Daqui para a frente não aceitaremos mais interferências, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição. Ela será cumprida a qualquer preço", afirmou Bolsonaro, antes de fazer uma referência a militares que preocupou o mundo político: "Vocês sabem que o povo está do meu lado. E temos as Forças Armadas ao lado do povo", afirmou.

As declarações de Bolsonaro e a manifestação aconteceram horas depois de o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, ter dado um depoimento de mais de oito horas à Polícia Federal sobre as alegadas tentativas do presidente de interferir na corporação para proteger pessoas próximas, principalmente os filhos, que estão a ser investigados por corrupção, fake news e ameaças a autoridades.

Não foram revelados detalhes desse depoimento, mas fontes da Polícia Federal avançaram esta segunda-feira sob anonimato que o ex-ministro indicou várias testemunhas e várias provas que podem confirmar as acusações que fez contra o presidente.

Entre elas estão uma gravação da reunião de ministros com o chefe de Estado no dia 22, na qual Bolsonaro terá ameaçado Moro de demissão se não aceitasse a troca de diretores regionais da corporação, bem como áudios e mensagens escritas guardadas no seu telemóvel, que entregou à polícia.

PORMENORES

Novo diretor da Polícia

Bolsonaro nomeou esta segunda-feira para diretor-geral da Polícia Federal Rolando Alexandre de Souza, braço-direito de Alexandre Ramagem, que era o preferido do presidente. Ramagem, amigo dos filhos de Bolsonaro, tinha sido nomeado para o cargo na semana passada mas a Justiça suspendeu a nomeação.

Jornalistas agredidos

Jornalistas que faziam a cobertura de atos políticos no fim de semana foram agredidos em Curitiba e em Brasília por apoiantes de Bolsonaro. Presidente diz que agressores são pessoas "infiltradas".

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