Quando António Costa aterrar na próxima segunda-feira em Luanda, será recebido pela nova nomenclatura de um país com os mesmos problemas de há décadas. Trata-se da primeira visita de um chefe de governo de Portugal desde 2011, com Passos Coelho, que procurava ultrapassar os constrangimentos nascidos de um "irritante" processo judicial contra o ex-vice-presidente de Angola, Manuel Vicente.
Costa quer abrir um novo ciclo de relações entre Portugal e Angola. Mas quer provas concretas de que existe vontade das autoridades angolanas.
O pagamento das dívidas às empresas portuguesas (especialmente de construção civil), que o executivo contabilizou em 500 milhões de euros, seria um excelente começo. Mas a verdade é que Angola não reconhece esse valor.
Seja como for, Portugal quer contribuir para a mudança de paradigma da economia angolana. Daí a ida do ministro da Agricultura, que prolongará a sua estadia em mais um dia com vista a dar resposta à solicitação angolana de novos investimentos no setor agroalimentar. Nesse sentido, António Costa visitará a exploração do Grupo Delta - a Agronabeiro em Angola.
TAP tropeça nas questões cambiais A dívida de 500 milhões às empresas portuguesas não inclui os créditos da TAP. Em virtude das dificuldades de liquidez e transferência de divisas, a transportadora é credora de 100 milhões de dólares. Em janeiro de 2018 esse montante era de 540 milhões, mas tem sido regularizado.
‘Jornal de Angola’ não esquece o "irritante" caso de Vicente e quer Justiça nacional
O caso da acusação de corrupção ao ex-vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, classificado por Portugal como "irritante", não está esquecido. Após o seu afastamento do bureau político do MPLA, no passado dia 8 de setembro, o ‘Jornal de Angola’ veio falar na necessidade de responsabilizar "criminalmente os corruptos", uma ideia secundada pelo novo Procurador-Geral, Pitta Grós. O processo relativo a Manuel Vicente na Operação Fizz já chegou a Luanda e deve ser encaminhado para a PGR.
PORMENORESSalários de portuguesesO ano de 2017 foi integralmente saldado em libertação de divisas para o pagamento dos salários dos portugueses que trabalham em Angola.
Pendor "protecionista"A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) alerta, na sua página na internet sobre Angola, para o "pendor protecionista" e salienta a "burocracia e complexidade na análise e aprovação dos projetos" naquele país.
Queda de 40%Entre 2014 e 2017, anos que assinalam o auge das crises económicas que afetaram Portugal e Angola, as trocas comerciais entre os dois países terão caído 40%. Há mais de mil empresas com capitais mistos que exercem a sua atividade no mercado angolano.
O que achou desta notícia?
- Muito insatisfeito
- Muito satisfeito
Obrigado pelo seu contributo.
- Muito insatisfeito
- Muito satisfeito