Maior hospital do Amazonas já não recebe doentes por estar sobrelotado. Bolsonaro culpa médicos.
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O estado brasileiro do Amazonas está esta sexta-feira a viver dos piores dias desde o início da pandemia. A ineficácia das políticas, e ações, do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, aliados a um país dividido em relação à pandemia, levaram a um verdadeiro estado de sítio.
A evolução da pandemia não dá tréguas e os hospitais já não conseguem dar resposta aos milhares de doentes que chegam diariamente infetados com a Covid-19. No Amazonas falta oxigénio e há doentes a morrer asfixiados, os bebés estão em risco; o maior hospital do estado brasileiro está sobrelotado e já não recebe mais doentes. Os médicos estão desesperados e o sindicato já lançou apelo aos clínicos portugueses para se voluntariarem e irem ajudar no combate à pandemia no Brasil.
Segundo o jornal brasileiro Globo, há ainda doentes a dividir o pouco oxigénio que ainda há. Lídia Nascimento Ribeiro perdeu a mãe para a Covid-19, mas não consegue enterrar o corpo porque as funerárias estão sobrelotadas. O pai também está internado. Conseguiu-o sob a condição de dividir o oxigénio com outro paciente, de 10 em 10 minutos.
Como se tudo não bastasse, o pedido de oxigénio feito pelo governo do Amazonas ao estado do Rio de Janeiro foi enviado para o email errado, relata o jornal brasileiro Globo. O email com o pedido foi enviado no domingo, dia 10, mas só chegou ao vice-governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro esta quinta-feira, dia 14. Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, recusa responsabilidades no pesadelo em que o país se vê mergulhado. Culpa antes os médicos por não usarem os medicamentos que o chefe de Estado considera adequados, como é o caso da Cloroquina.
Amazonas transfere bebés prematuras devido ao risco de falta de oxigénio
O executivo estadual do Amazonas irá transferir para outros estados brasileiros bebés prematuros devido ao risco de falta de oxigénio, problema que afeta gravemente os hospitais da região, informaram hoje fontes oficiais.
Segundo a Secretaria de Saúde do Amazonas, citada pelo portal de notícias G1, os recém-nascidos serão transferidos após autorização dos pais e serão acompanhados pelas mães nos voos que estão a ser preparados pelas autoridades locais.
Apesar de as unidades federativas que acolherão os bebés ainda não terem sido reveladas, o governador de São Paulo anunciou hoje a disponibilização de camas para receber 60 prematuros.
Médicos desesperados pedem ajuda a clínicos portugueses
O presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mario Vianna, apelou para que profissionais de saúde de Portugal se voluntariem para ajudar aquela região brasileira a enfrentar o colapso dos hospitais.
"Gostaria que o nosso país irmão [Portugal] pudesse entrar em oração, porque a situação no Amazonas é muito grave. Precisamos, caso a situação continue neste ritmo, que haja um grupo de trabalho de profissionais de saúde, que se voluntariem para virem trabalhar no Brasil, porque temo que possamos entrar num caos total, não só no Amazonas", disse Vianna.
Mario Vianna garante que está em causa uma "tragédia anunciada" e que já tinha denunciado ao ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, seis meses antes do início da pandemia, a situação precária do sistema público de Saúde do Amazonas, que agora culminou na falta de oxigénio, um elemento básico para o atendimento em qualquer unidade hospitalar, principalmente em casos de doenças respiratórias, como a covid-19.
Famílias transportam oxigénio para o hospital
Imagens que circulam nas redes sociais mostram as próprias famílias de pacientes a transportar para os hospitais tanques de oxigénio que adquiriram por conta própria, e há relatos de mortes por asfixia.
Face à situação caótica na região, as autoridades locais decidiram transferir para outros estados centenas de pacientes infetados com o novo coronavírus.
Centenas de doentes transferidos por falta de oxigénio
Perante a terrível situação, hospitais públicos e privados de outros estados brasileiros abriram vagas especialmente para receberem os doentes de Manaus. Entre eles estão unidades hospitalares de Brasília e do estado de Goiás, no centro-oeste do país, do Maranhão, no norte, e da Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Pernambuco, no nordeste.
Ao todo devem ser transferidos 700 doentes, selecionados entre os que apresentam um quadro de moderado a grave mas que ainda têm forças para enfrentar um transporte aéreo. Aviões da Força Aérea foram adaptados para realizarem essa missão e levam, além dos doentes, equipas médicas, que já tiveram de recusar doentes à porta das aeronaves porque pioraram só com o trajeto do hospital até ao aeroporto.
Maior hospital do Amazonas está sobrelotado e já recusa pacientes
As ambulâncias que chegaram ao local com doentes tiveram que sair à procura de vagas noutras unidades.
Os pacientes que conseguiram uma vaga nesta unidade estão a "racionar o uso de oxigénio". Os familiares protestam à porta da unidade.
Pelo menos quatro doentes morreram por falta de oxigénio
Pelo menos quatro doentes morreram por falta de oxigénioNo hospital Getúlio Vagas, em Manaus, pelo menos quatro doentes morreram devido à falha de oxigénio naquela unidade. A notícia é avançada pelo jornal brasileiro Folha de São Paulo após rumores de que uma ala inteira tinha sucumbido.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (207.095, em mais de 8,3 milhões de casos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.994.833 mortos resultantes de mais de 93 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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