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Efeito Trump distorce as vendas de automóveis nos EUA em 2025

Com o aumento do preço dos automóveis, consumidores e fabricantes estão a adaptar-se para manter o nível de vendas.

13 de dezembro de 2025 às 16:32

As vendas de automóveis nos EUA deverão subir para 16,2 milhões de unidades em 2025, num ano marcado por distorções causadas pelas tarifas, pelo fim dos incentivos fiscais para veículos elétricos e pelo aumento generalizado dos preços dos veículos.

Ainda que o ritmo de aumento das vendas de automóveis tenha arrefecido no último trimestre de 2025, os números da Aliança para a Inovação Automóvel (AIA, que integra parte dos principais fabricantes do país) indicam que se situarão nas 16,2 milhões de unidades, acima das 15,9 milhões de 2024, que foi o nível mais alto desde 2019.

O mercado está a sofrer com as distorções em resultados das decisões da administração liderada por Donald Trump, primeiro com a imposição de tarifas, incluindo as aplicadas aos seus dois parceiros norte-americanos, México e Canadá, e posteriormente com o cancelamento dos incentivos fiscais para a venda de veículos elétricos.

Estas duas medidas levaram muitos consumidores norte-americanos a antecipar as suas compras nos primeiros nove meses do ano para evitar o aumento previsto dos preços.

Consequentemente, no primeiro semestre de 2025, as vendas foram 3% superiores às do mesmo período de 2024. No entanto, após o fim dos incentivos fiscais para veículos elétricos no final de setembro, o mercado sofreu uma queda abrupta.

Os analistas preveem que as vendas no último trimestre do ano sejam 5% inferiores às do mesmo período de 2024 e que se situem em torno dos quatro milhões de unidades.

"A menor disponibilidade de inventário, a falta de acessibilidade e a probabilidade de que as vendas de veículos elétricos a bateria voltem a cair são as principais razões pelas quais se prevê que dezembro mantenha a queda interanual dos dois meses anteriores", indicou o último relatório da AIA, citado pela agência EFE.

Com o fim, em 30 de setembro, do crédito fiscal federal de 7.500 dólares (6.389,96 euros à taxa de câmbio atual), as vendas sofreram uma forte desaceleração.

De acordo com a Cox Automotive, em outubro as vendas de veículos elétricos foram 49% inferiores às do mesmo mês de 2024. Em novembro, a queda foi de 40%.

Precisamente em setembro, o preço médio de um automóvel nos EUA, onde é um artigo de primeira necessidade para quase todos os trabalhadores, ultrapassou pela primeira vez na história os 50.000 dólares (42.599,80 euros), de acordo com dados da Cox Automotive.

E embora em outubro o valor tenha diminuído ligeiramente para 49.766 dólares (42.400,40 euros), foi 2,6% superior ao de há um ano.

O veículo favorito de grande parte da população americana, as grandes 'pick-ups', atingiu o preço médio recorde de 66.000 dólares (56.231,70 euros).

Com o aumento do preço dos automóveis, consumidores e fabricantes estão a adaptar-se para manter o nível de vendas.

Os concessionários prolongaram os períodos de amortização para manter as prestações mensais em montantes semelhantes aos que eram pagos no passado, o que aumenta a pressão sobre um dos mercados de crédito até recentemente menos exposto ao incumprimento.

Atualmente, um quinto dos novos empréstimos é feito por sete anos, o que reduz os pagamentos mensais, mas aumenta o custo total dos juros e o risco de se dever mais do que o valor do automóvel e de incumprimento num bem que os americanos veem como prioridade nas suas contas de crédito e que é medido como um indicador precoce de crise económica.

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