Governo espanhol espera que projetos estejam totalmente concretizados no segundo semestre de 2028.
O Governo espanhol avança este mês com os primeiros concursos públicos para concretizar projetos de descolonização das exposições permanentes dos museus do Estado, de forma a "superar o eurocentrismo" e a dar-lhes uma "perspetiva antirracista".
Os primeiros projetos que avançam são o do Museu Nacional de Antropologia e o do Museu da América, apresentados publicamente no final de novembro e orçamentados em 4,4 milhões de euros e 9,2 milhões, respetivamente.
O Governo espanhol espera que estejam totalmente concretizados no segundo semestre de 2028.
Os projetos têm a ver com mudanças nas narrativas e na forma como são apresentadas as coleções permanentes, não estando para já prevista a devolução de peças a outros países, segundo o executivo e os responsáveis pelos museus.
No entanto, nos casos de reclamação de objetos e obras de arte por parte de comunidades ou países, será dada essa indicação nas exposições. "As novas abordagens museográficas permitirão abrir o olhar e contemplar a realidade a partir de múltiplos pontos de vista, para questionar e superar o eurocentrismo que se encontra nas raízes da formação histórica de ambos os museus", explica o Ministério da Cultura de Espanha, numa informação escrita sobre os projetos.
O executivo sublinha que a renovação dos dois museus, ambos em Madrid, "responde à atual definição internacional de museu como espaço de igualdade, inclusão e participação das comunidades". Nas palavras do próprio ministro da Cultura, Ernest Urtasun, citado no mesmo documento, trata-se de "explicar as culturas como algo vivo, dinâmico, contemporâneo, que dialoga" com o presente e "reconhecer os povos e comunidades como agentes e não apenas mostrar os seus objetos".
Os dois projetos já conhecidos preveem ainda "a incorporação de arte contemporânea", "como ferramenta crítica e questionamento de problemas sociais" e também "de aproximação". "A presença da criação atual a partir da diversidade permitirá mostrar as diferentes culturas como algo vivo e coexistente, eliminando os enviesamentos de exotismo e distância que persistem nas atuais exposições", defende o Governo.
Os projetos para o Museu Nacional de Antropologia e para o Museu da América resultaram do trabalho de cerca de meio ano de duas comissões formadas por peritos em diversas áreas e também representantes de "comunidades ligadas às coleções dos museus".
No documento com o projeto para o Museu da América, por exemplo, está definido o objetivo de "mostrar a pluralidade das culturas americanas e suas diásporas", assim como "os seus movimentos históricos" a partir de "uma perspetiva 'descolonial', antirracista, intercultural e contemporânea".
O projeto quer ainda "destacar o papel indígena das pessoas invisibilizadas nos conflitos armados, conquistas ou independências", assim como "a situação de controlo ou domínio da mulher", as "violências exercidas durante a conquista [espanhola] ou as tensões entre culturas".
O Governo insiste em que "esta atualização dos discursos museográficos" pretende "adequar as propostas" destas instituições "às necessidades da sociedade contemporânea". Trata-se de "uma atualização necessária" no caso do Museu Nacional de Antropologia, criado no século XIX "com a visão própria dos museus etnográficos da época" e que, apesar de mudanças posteriores, nunca teve "uma atualização integral paralela à própria disciplina da antropologia", que teve uma origem muito ligada ao colonialismo.
Já o Museu da América foi inaugurado em 1941 e foi alvo de uma renovação na década de 1990 que, porém, segundo o Governo espanhol, ignorou "questões fundamentais como a perspetiva de género ou o impacto do tráfico de pessoas escravizadas", além de lhe faltarem "parâmetros atuais" no que toca à diversidade cultural, nomeadamente, "a igualdade de valor". Há em Espanha 16 museus estatais (geridos diretamente pelo Ministério da Cultura).
O Museu Nacional de Antropologia teve quase 87 mil visitantes em 2024 e o Museu da América, 90.410. O museu mais visitado de Espanha é o Museu Nacional do Prado, em Madrid, por onde passaram mais de 3,4 milhões de pessoas em 2024.
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