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“Estamos à espera da nossa vez de morrer”

Mais de 300 pessoas mortas desde domingo em ofensiva do regime contra Ghouta.

22 de fevereiro de 2018 às 09:08

O aumento de intensidade dos bombardeamentos das forças do regime sírio no distrito de Ghouta, nos arredores de Damasco, já fez mais de 300 mortos desde domingo, pelo menos 60 dos quais crianças. O governo do presidente Bashar al-Assad alega que está a limpar a zona de terroristas e rejeita responsabilidades na morte de civis naquela região, o último bastião de resistência ao regime na área da capital.

"Estamos à espera da nossa vez para morrer", afirmou à Reuters Bilall Salah, de 22 anos, que tem a mulher grávida de cinco meses. "Atacam tudo: lojas, mercados, hospitais, escolas, mesquitas, tudo", contou Bassam, médico que todos os dias trata dezenas de pessoas: "Trato-os e um dia depois voltam com novos ferimentos".

A situação em Ghouta é desesperante, pois desde novembro não entra na zona nenhuma caravana humanitária.

Cercada desde 2013, Ghouta assistiu a uma escalada de violência nos últimos dias, com barragens de artilharia, raides aéreos e lançamento de bombas de barril a partir de helicópteros. Segundo grupos humanitários, 310 pessoas morreram desde domingo e mais de 1500 ficaram feridas. Só ontem, terão morrido quase 30 pessoas e mais de 200 ficaram feridas. As culpas são imputadas às milícias pró-regime e à Rússia, aliada de Assad, mas Moscovo garante que não ataca civis.

Turquia ameaça forças sírias em Afrin 

A Turquia avisou o regime sírio de que qualquer intervenção das suas tropas em Afrin "terá sérias consequências". O aviso foi feito após milícias fiéis ao regime de Bashar al-Assad terem entrado na cidade do Noroeste da Síria para ajudar as forças curdas do YPG a repelir a ofensiva lançada no mês passado pela Turquia na zona fronteiriça para afastar o YPG, que Ancara classifica como terrorista e aliado do partido curdo turco PKK.

Guterres faz apelo a todas as partes

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu ontem a todos os envolvidos para suspenderem os combates em Ghouta. Falando no Conselho de Segurança, Guterres disse que os residentes "vivem o inferno na Terra" e pediu uma trégua para permitir ajuda humanitária.

SAIBA MAIS

2011

Entre março e julho uma série de manifestações pacíficas deu o sinal de partida da Primavera Árabe na Síria. A repressão dos protestos abriu caminho à luta violenta contra o regime.

Ataque químico em Ghouta

A 21 de agosto de 2013, duas áreas sob domínio rebelde em Ghouta foram atacadas com rockets contendo gás sarin. O número de mortes terá superado as 1500. Um acordo firmado nesse ano previa a destruição do stock de armas químicas da Síria até setembro do mesmo.

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