A família de Daphne Caruana Galizia exigiu esta segunda-feira que o primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat, seja investigado pelo seu papel no assassinato da jornalista e ativista anticorrupção, depois de o seu braço-direito ter sido apontado pelo principal suspeito como alegado mandante do crime.
O marido e os três filhos de Caruana Galizia apresentaram esta segunda-feira uma ação legal em tribunal a pedir a abertura de uma investigação formal contra Muscat e o seu imediato afastamento de todas as questões relacionadas com o inquérito à morte da jornalista, como forma de salvaguardar as provas contra qualquer tentativa de manipulação.
Os familiares da jornalista assassinada em 2017 lembram que o ex-chefe de gabinete de Muscat, Keith Schembri, detido na semana passada por alegadas ligações ao principal suspeito do crime, o empresário Yorgen Fenech, esteve presente juntamente com o primeiro-ministro em várias reuniões de acompanhamento da investigação, onde foi discutida informação sensível. A polícia desconfia que Schembri terá passado alguma desta informação a Fenech, mesmo depois de este já ter sido detido.
Após semanas de forte pressão da opinião pública e da imprensa, o primeiro-ministro anunciou domingo a sua demissão, mas adiantou que só abandonará o cargo em janeiro, após o Partido Trabalhista eleger um novo líder. Esta segunda-feira, centenas de pessoas concentraram-se junto ao Parlamento para exigir a saída imediata de Muscat, que ali fazia o seu último discurso enquanto chefe do governo, tendo atirado ovos e cenouras aos deputados. No interior do edifício, o ambiente também esteve tenso, com a oposição em bloco a abandonar o hemiciclo antes do discurso de Muscat, atirando notas falsas de cinco mil euros para a bancada governamental e gritando "fora!".
PORMENORESParlamento cercadoCentenas de manifestantes que exigem a demissão imediata do PM Joseph Muscat bloquearam esta segunda-feira as saídas do Parlamento, em La Valletta, impedindo durante várias horas a saída dos deputados.
Mais um pedido de perdãoVincent Muscat, um dos três acusados de colocar a bomba que matou Caruana Galizia, pediu um perdão presidencial em troca de revelar a verdade. Na semana passada, o governo concedeu imunidade ao intermediário do crime mas recusou conceder igual medida ao alegado mandante, Yorgen Fenech.