Eaydin, de 26 anos, vive quase há uma década em Portugal e mantém contactos regulares com familiares e amigos do país.
Condições de vida "difíceis" e "frágeis" é como descreve à Lusa um iraniano que vive em Portugal o atual quotidiano de parte da população iraniana, temendo o agravamento da situação face o reforço das sanções norte-americanas ao Irão.
"A economia já está bastante complicada neste momento. As pessoas sentem bastantes dificuldades. Neste momento, há famílias iranianas onde o pai tem vergonha de voltar para casa de mãos vazias. Não consegue mesmo, os salários não chegam", afirma à Lusa Eaydin, de 26 anos, que vive quase há uma década em Portugal e que mantém, quando o acesso à Internet no Irão assim o permite, contactos regulares com familiares e amigos que ainda permanecem naquele país.
Os Estados Unidos (EUA) anunciaram na sexta-feira, e no âmbito da recente escalada de tensão entre Washington e Teerão, um novo conjunto de sanções económicas contra várias figuras do regime iraniano e entidades, nomeadamente relacionadas com a indústria metalúrgica, que mantém ligações com a República Islâmica.
Foi igualmente anunciado que a administração norte-americana liderada pelo Presidente Donald Trump irá impor sanções a outros setores adicionais da economia iraniana, como construção, têxteis e minas.
Eaydin, que veio estudar sozinho para o ensino português e que passados quase 10 anos conseguiu juntar em Portugal o seu núcleo familiar mais direto (pai, mãe e uma irmã), acredita que os recentes acontecimentos de tensão entre Teerão e Washington - a morte do general iraniano Qassem Soleimani numa ação ordenada pelos norte-americanos, a retaliação do Irão com ataques contra bases com militares norte-americanos no território iraquiano e a imposição de novas sanções dos EUA - "terá consequências", mas "falta saber quão graves".
"É uma questão de esperar e de ver como vai correr. Neste momento, está tudo no ar. Está incerto", refere o jovem licenciado em Artes Visuais, antevendo, no entanto, que as novas sanções impostas pelos norte-americanos "vão dificultar ainda mais a vida dos iranianos, sem dúvida".
Eaydin reconhece, porém, que ainda existe uma franja da sociedade iraniana, "pessoas de classe média", que apesar de sentirem as dificuldades ainda estão a aguentar.
"Agora até quando, não se sabe", afirma o jovem, relatando que quem tem poder económico tenta sair do país.
"Eu sei que, neste momento, quem consegue sai", prossegue Eaydin, que ainda tem no Irão, além de vários amigos, os avós que vivem em Mashhad (nordeste), a segunda cidade mais populosa do país, a cerca de 900 quilómetros da capital, Teerão.
Sobre o atual ambiente que se vive no Irão, o jovem iraniano diz que, neste momento, "está tudo tranquilo", diferente da atmosfera vivida durante as manifestações contra o aumento do preço da gasolina fortemente reprimidas em meados de novembro e, mais recentemente, durante as cerimónias fúnebres do general Soleimani, nas quais uma debandada provocou várias dezenas de mortos e algumas centenas de feridos.
Para Eaydin, estes dois episódios acabam por refletir, na sua opinião, a divisão que marca atualmente a sociedade iraniana: de um lado, os apoiantes das autoridades iranianas que saíram às ruas para prestar homenagem a Soleimani e para se expressar contra a morte deste, e do outro lado, as pessoas que são contra o poder.
"Não sei quais são as percentagens, mas acho que a percentagem de quem é contra é maior", diz o jovem iraniano.
Eaydin acredita, perante as divisões da sociedade iraniana e o potencial agravamento das condições de vida, que a contestação e a pressão popular poderão voltar às ruas iranianas.
E conclui com outro facto recente: "Aliás, com o acontecimento da queda do avião [perto de Teerão], muitas pessoas morreram nesse acidente, as pessoas vão também exigir alguma resposta sobre esse acontecimento".
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