O Ministério Público Federal (MPF) de Brasília, a capital federal do Brasil, abriu esta sexta-feira, 17 de março, uma investigação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que agora já não tem privilégio de foro, por suspeita de crime de peculato, ou seja, apropriação de valor ou bem público por um funcionário do Estado. A investigação refere-se a joias em ouro maciço e diamantes oferecidas ao Brasil pelo governo da Arábia Saudita e com as quais o antigo presidente ficou, como se fossem presentes pessoais, o que a lei proíbe.
No início da semana, o Tribunal de Contas (TCU) ordenou a devolução imediata ao acervo do Estado brasileiro das jóias em poder de Jair Bolsonaro, que fugiu para os EUA em 30 de Dezembro passado com medo de ser preso, e ele prometeu entregar o valioso presente, mas até este sábado não o havia feito. Além do pacote com presentes masculinos, com os quais Bolsonaro ficou, outro pacote, com presentes femininos como colar de ouro e brilhantes, anel e pulseira, destinado à mulher do ex-governante, Michelle Bolsonaro, está apreendido no Aeroporto Internacional de São Paulo, depois de um assessor militar ter tentado passá-lo sem o declarar pela Alfândega dentro de uma mochila com roupas e ter sido descoberto.
No caso dos presentes para Michelle, igualmente investigada pelo MPF mas que não ocupava qualquer cargo público, as jóias foram avaliadas em três milhões de euros. No caso do estojo com jóias masculinas, que passou não se sabe ainda como pela fiscalização aeroportuária e foi entregue pessoalmente a Bolsonaro no Palácio da Alvorada, em Brasília, ainda não foi feita a avaliação, pois não se sabe ao certo o que ele recebeu.
A tentativa de fazer entrar no Brasil ilegalmente as jóias, oferecidas ao Brasil como presente oficial e que deveriam ter sido declaradas e incorporadas ao acervo da presidência da República mas com as quais Bolsonaro ficou como se fossem dele, ocorreu em Outubro de 2021, mas só agora, após a mudança de governo, foi descoberta e transformou-se num novo escândalo envolvendo o ex-presidente num novo episódio de irregularidades em favor dele próprio e de familiares. O caso só veio a público depois de se saber que, em Dezembro do ano passado, Jair Bolsonaro pressionou fortemente a Alfândega do aeroporto paulista, inclusive enviando militares como seus mensageiros, tentando resgatar as jóias femininas dois dias antes de terminar o seu mandato presidencial e de ter fugido para os EUA, onde se encontra até hoje.