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Luvas a políticos apagadas nos 'Papéis do Panamá'

Empresa do universo Espírito Santo gerida pela Mossack Fonseca.
Diana Ramos 10 de Abril de 2016 às 03:23
Ricardo Salgado geria as empresas do GES. Grupo Espírito Santo tinha um extenso universo de empresas
Ricardo Salgado geria as empresas do GES. Grupo Espírito Santo tinha um extenso universo de empresas FOTO: Vítor Mota/DR
O Ministério Público português, que investiga o chamado saco azul do Grupo Espírito Santo (GES) – a Espírito Santo (ES) Enterprises, que terá servido para o pagamento de luvas e por onde terão circulado mais de 300 milhões de euros –, tem dados sobre a ligação da sociedade à Mossack Fonseca, envolvida no escândalo dos Papéis do Panamá, há mais de três anos, apurou o CM.

Segundo o ‘Expresso’, há cerca de cem documentos, entre emails trocados e diversas atas, apanhados na gigantesca fuga de informação diretamente relacionados com a ES Enterprises e que demonstram que a Mossack Fonseca terá trabalhado para o GES, tanto de forma direta como através da Eurofin, a sociedade suíça envolvida na emissão de dívida e que esteve no epicentro da crise no GES. Contudo, boa parte dos dados agora revelados estão já na posse da investigação e pouco adiantam em termos de clarificação das suspeitas de branqueamento de capitais e de corrupção que envolvem as empresas do grupo então liderado por Ricardo Salgado.

A Mossack Fonseca era um prestador de serviços, funcionando essencialmente a nível da constituição das empresas offshore. Todas as informações relativas aos circuitos financeiros das verbas que passaram pela ES Enterprises, bem como dos eventuais beneficiários de pagamentos do GES feitos através desta sociedade, não são do conhecimento da Mossack. Só certas atividades, como os casos em que é feita alguma escritura de um edifício ou terreno, é que são comunicadas à Mossack Fonseca, enquanto gestora fiduciária, para realização das respetivas atas.

A ES Enterprises foi, segundo o ‘Expresso’, dona de várias outras sociedades offshore num intrincado esquema de empresas por detrás de empresas. A Blygor Properties, criada pela Mossack a pedido da Eurofin, é uma dessas sociedades e um das pontas do véu que está a ser investigada pela Justiça portuguesa. Todo o circuito financeiro entre a Blygor e outras offshores relacionadas com o GES tem sido varrido a pente fino pela investigação, mas ainda há muita informação financeira que não chegou ao processo.

Ricardo Salgado negou sempre que a ES Enterprise funcionasse como um saco azul da família Espírito Santos, garantindo tratar-se apenas de uma empresa que servia para regularizar a prestação de serviços ao GES. A ES Enterprises tem sede nas ilhas Virgens Britânicas e possuiu conta no Banque Privée Espírito Santo, também ele do GES.

Gestor fala em políticos portugueses  
Jorge Cunha Ferreira, um português gestor de fortunas no Banque Internationale à Luxembourg, reuniu-se com a Mossack Fonseca, em 2013, quando garantiu que tinha como clientes ex-ministros e/ou políticos portugueses interessados em offshores em Hong Kong ou no Panamá.

Manuel Vilarinho admite offshore 
O ex-presidente do Benfica Manuel Vilarinho, que aparece nos Papéis do Panamá, admite que tem contas em paraísos fiscais, sublinhando que as offshores não são ilegais. "Proibido é não manifestar os rendimentos", disse ao CM.

Advogados e empresários
Os nomes concretos de portugueses no escândalo Papéis do Panamá são, além de Vilarinho, Luís Portela e Ilídio Pinho. Também a Abreu Advogados está na lista da Mossack, que incluirá 240 portugueses.
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