Um antigo conselheiro de Marine Le Pen denunciou que a Frente Nacional usou contratos fictícios para contornar o limite de despesas na campanha eleitoral francesa de 2012. Gael Nofri diz que chegaram a apresentar-lhe um contrato falso com o Parlamento Europeu, que ele se recusou a assinar.
Nofri, que deixou a Frente Nacional em 2014 e é atualmente vereador dos Republicanos (centro-direita) em Nice, começou a trabalhar como conselheiro de Marine Le Pen na campanha para as presidenciais de 2012. Meses depois, disseram-lhe que havia um problema e que teria de assinar um contrato como assessor do partido no Parlamento Europeu. A medida seria um subterfúgio para a Frente Nacional contornar o limite de gastos da campanha, e Nofri recusou assinar. O partido ofereceu-lhe então um contrato como funcionário do gabinete de contabilidade do partido, no qual, assegura, "nunca pôs os pés".
Porém, o caso não fica por aqui. Segundo revelou no fim de semana o site Mediapart, a procuradoria antifraude descobriu vários registos que indicam que Nofri terá recebido pagamentos mensais de 4500 euros como assessor do fundador da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, no Parlamento Europeu. "Eu nunca fui assessor de Jean-Marie Le Pen", garante Nofri.
As denúncias surgem numa altura em que a Frente Nacional e Marine Le Pen estão já a ser investigados por suspeita de uso irregular de fundos do Parlamento Europeu. A líder do partido é suspeita de ter usado verbas do PE para pagar o salário da chefe de gabinete e do guarda-costas, apesar de estes trabalharem a partir de Paris e raramente terem estado em Bruxelas ou Estrasburgo.
Le Pen diz que as denúncias não passam de uma "manobra política" para prejudicar a sua candidatura às presidenciais de abril e maio deste ano.