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Papa encerra a Pontifícia Comissão para o diálogo com os "lefebvristas"

"Lefebvristas" são cerca de 600 padres, dos quais mais de um quarto na França, de um total de 400.000 sacerdotes no mundo.
19 de Janeiro de 2019 às 17:39
Papa Francisco
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O papa Francisco encerrou a Pontifícia Comissão para o diálogo com a Fraternidade Sacerdotal S. Pio X (SSPX), fundada em 1970 pelo arcebispo Marcel Lefebvre, iniciando uma nova etapa no diálogo com esta comunidade de tradicionalistas católicos.

Em carta apostólica ("motu proprio"), datada de quinta-feira última, e divulgada este sábado pela Santa Sé, o papa anuncia que "a Pontifícia Comissão Ecclesia Dei foi abolida".

O papa afirma que as competências da comissão "são totalmente atribuídas à Congregação para a Doutrina da Fé", guardiã do dogma da Igreja Católica, herdeira do Santo Ofício.

A carta apostólica também estabelece que será estabelecida, dentro da CDF, uma "secção" para continuar "o trabalho de vigilância, promoção e supervisão" até então conduzido pela Comissão Ecclesia Dei.

A Pontifícia Comissão Ecclesia Dei foi estabelecida pelo papa João Paulo II em 1988, com o objetivo de iniciar um diálogo com os "lefebvristas" para um dia alcançar sua plena reintegração na Igreja Católica.

Fundada em 1970 por Marcel Lefebvre (1905-1991), a SSPX distanciou-se, rapidamente, da Santa Sé, recusando-se a "seguir a Roma neo-modernista e de tendência neo-protestante" surgida do Concílio Vaticano II (1962 -1965).

Os membros da SSPX recusam as numerosas reformas litúrgicas adotadas no Concílio Vaticano II, designadamente o abandono do uso do latim durante a missa, em favor das línguas nacionais, ou a celebração da missa frente aos fiéis e não voltada para o altar-mor de costas para a assembleia de fiéis (Rito Romano Tradicional).

A rutura foi consumada quando o arcebispo Lefebvre consagrou, em junho de 1988, quatro bispos, sem a autorização de João Paulo II, um gesto alvo de excomunhão.

O papa Francisco justificou a sua decisão pelo facto de que o trabalho da Comissão Ecclesia Dei é, atualmente, essencialmente "de natureza doutrinária" e que as comunidades celebrando missa na forma extraordinária do Rito Romano Tradicional alcançaram agora alguma estabilidade.

As conversações com vista à reintegração gradual dos tradicionalistas na Igreja Católica tinham começado com João Paulo II e prosseguida pelo papa Bento XVI. Em 2009, Bento XVI levantou a excomunhão dos bispos que tinham sido consagrados sem um mandato pontifício.

Segundo a agência noticiosa francesa, AFP, os "lefebvristas" são cerca de 600 padres, dos quais mais de um quarto na França, de um total de 400.000 sacerdotes no mundo.
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