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População moçambicana captura três suspeitos de colaborarem com terroristas

Movimentação de grupos terroristas nos últimos dias tem desencadeado operações de perseguição por parte das forças de defesa e segurança em Ancuabe.

12 de fevereiro de 2024 às 07:28

Populares da aldeia de Nanoa, na província moçambicana de Cabo Delgado, capturaram três suspeitos de colaborarem com os grupos terroristas que operam na região, disseram esta segunda-feira à Lusa fontes locais.

"Capturaram três pessoas em Nanoa, um deles congolês. Saiu de uma mata e tinha uma ferida grande. Devido às suas características gerou desconfiança na comunidade", disse à Lusa, a partir da sede do distrito de Ancuabe, Cabo Delgado, uma fonte da comunidade local.

Outra fonte precisou que a captura dos suspeitos aconteceu entre os dias 6 e 7 de fevereiro.

O suspeito natural da República Democrática do Congo chegou a pedir aos proprietários do campo onde foi encontrado para o ajudarem a chegar ao hospital mais próximo, para receber tratamento, tendo sido capturado em seguida pelos populares.

Os outros dois suspeitos, ambos moçambicanos, oriundos da vizinha província de Nampula, também surgiram num campo agrícola em Nanoa, que dista seis quilómetros da sede distrital de Ancuabe, onde acabaram capturados e entregues igualmente às autoridades.

"Chegaram de forma separada e saíram em machambas [campos agrícolas] diferentes", disse a fonte.

A movimentação de grupos terroristas nos últimos dias tem desencadeado operações de perseguição por parte das forças de defesa e segurança em Ancuabe. Na sexta-feira, as movimentações dos militares chegaram a gerar pânico na população daquele distrito, levando várias famílias a abandonar as residências, com medo de novos ataques.

"A agitação criou-se devido à circulação de helicópteros. Estavam a circular nas aldeias de Ancuabe e a população quando vê helicóptero pensa que já estão perto", disse outra fonte local, garantindo, contudo, que a situação voltou à normalidade naquela zona.

"Saí quando vi os helicópteros a circular, não estamos habituados", confessou à Lusa uma mulher de 47 anos, que regressou no domingo da sede de Ancuabe, após dois dias fora da comunidade.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, libertando distritos junto aos projetos de gás.

Após um período de relativa estabilidade, novos ataques e movimentações foram registados em Cabo Delgado nas últimas semanas, embora localmente as autoridades suspeitem que a movimentação esteja ligada à perseguição imposta pelas forças de defesa e segurança nos distritos de Macomia, Quissanga e Muidumbe, entre os mais afetados.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

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