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Populares bloqueiam avenida após disparos contra caravana de Mondlane nos subúrbios de Maputo

Protestos são contra os disparos da polícia num dia em que se assinou um acordo para travar a crise pós-eleitoral em Moçambique.

05 de março de 2025 às 16:22

Populares bloquearam esta quarta-feira uma das principais avenidas de acesso a diversos bairros dos subúrbios de Maputo, protestando contra disparos da polícia à caravana de Venâncio Mondlane, num dia em que se assinou um acordo para travar a crise pós-eleitoral.

"Nós só estávamos a acompanhar o nosso presidente e um contingente da Unidade de Intervenção Rápida começou a disparar contra nós. Dispararam gás e tiros de verdade, contra pessoas que só estavam a caminhar. Então, se é assim, querem recorrer à força, as coisas vão parar", disse à Lusa um dos manifestantes, José Mário, a poucos metros de um dos pontos bloqueados na avenida Julius Nyerere, próximo à Praça dos Combatentes, nos subúrbios de Maputo.

O incidente envolvendo a caravana de Mondlane aconteceu por volta das 13h00 (menos duas horas de Lisboa) no bairro de Hulene, mesmo na avenida Julius Nyerere, entre as principais de Maputo, quando a caravana que acompanhava Venâncio Mondlane seguia em direção à Praça dos Combatentes, partindo da Praça da Juventude, no bairro Magoanine, nos subúrbios de Maputo.

Pelo menos um membro da equipa de Mondlane ficou ferido durante os disparos para dispersar a multidão que o acompanhava, num dia em que, a oito quilómetros de Hulene, o chefe de Estado moçambicano e os principais partidos políticos assinavam o acordo para o fim da crise política que desde outubro se instalou em Moçambique.

"Mais uma vez ficou claro que esse acordo não faz sentido nenhum. Estão a disparar num dia de paz", questionou à Lusa Paulo Albino, outro jovem entre os  manifestantes  que bloquearam a Julius Nyerere, que liga o centro da cidade a diversos bairros periféricos de Maputo.

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Populares bloqueiam avenida após disparos contra caravana de Mondlane nos subúrbios de Maputo

A polícia moçambicana posicionou-se em todas as principais vias e avenidas que dão acesso ao Centro de Conferências Joaquim Chissano, local onde foi assinado hoje o acordo político.

Na Julius Nyerere, os manifestantes queimaram pneus e bloquearam a estrada com recurso a dois autocarros e um camião, paralisando a circulação dos transportes e obrigando centenas de pessoas a fazerem o percurso até casa a pé.

"Eu venho do centro da cidade e não há transportes públicos deste ponto para a frente. Portanto, vou ter de andar por pelo menos seis quilómetros até a minha casa. Alguns vão andar mais", explicou à Lusa Belmira Gilberto, uma estudante, a partir da Praça dos Combatentes.

Pelo menos 16 pessoas, incluindo duas crianças, foram baleadas esta manhã entre os apoiantes que acompanhavam a passeata liderada por Mondlane, avançou a Plataforma Decide, organização não-governamental (ONG) que acompanha os processos eleitorais.

Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo.

Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.

Desde outubro, pelo menos 353 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, de acordo com a Plataforma Decide.

O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.

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