Na noite do ciclone em Moçambique, quatro dezenas de “magníficos” reergueram muros derrubados pelo vento numa quinta.
Quarenta homens impediram fuga de 26 mil crocodilos de português
Na noite em que o centro de Moçambique foi devastado pelo ciclone ‘Idai’, 40 "homens magníficos" arriscaram a vida enfrentando ventos de quase 200 quilómetros por hora para manter intactos os muros da quinta do português Manuel Guimarães, impedindo a fuga de 26 mil crocodilos. "Seria uma desgraça terrível", diz o empresário agradecido.
Em vez de irem ter com as suas famílias e protegerem as suas casas, os 40 empregados de Manuel Guimarães passaram a noite ao relento, junto aos tanques dos crocodilos, erguendo vedações improvisadas com chapas isotérmicas e bambu de cada vez que o vento terrível derrubava os muros de tijolos e cimento que separavam os répteis do exterior.
"Sabíamos que se o muro desabasse era um desastre total, não era fácil controlar estes animais lá fora", disse à Lusa o chefe dos trabalhadores, Anísio Chinguvo. "Não é fácil falar disto, dói muito. Cada um pensava ‘eu vou perder a minha família, os meus filhos’, para defender um crocodilo", conta.
Foram duas noites sem dormir nem arredar pé, mas a missão foi coroada de êxito: nem um só crocodilo fugiu e Manuel Guimarães não esconde a gratidão, assim como o alívio. "Seria o pânico total. Estaríamos todos, uma cidade inteira, a apanhar crocodilos, a comunidade internacional. Era impensável ter 26 mil crocodilos à solta, especialmente os grandes", afirma.
Mas nem tudo correu bem nessa noite. Manuel não esconde as lágrimas ao falar de João, um trabalhador que foi incumbido de levar as vacas para locais mais altos e que, por isso, não estava em casa quando as águas lhe levaram os quatro filhos.
Emocionado, o empresário de 63 anos diz que vai construir uma casa e dar um terreno ao "senhor João". "Mas nunca lhe posso devolver os filhos", lamenta-se.
Rodrigo Sebastião ameaçou cortar a linha do comboio para salvar as vacas
Quando o ciclone inundou as terras de Rodrigo Sebastião, as vacas refugiaram-se na linha do comboio, único local elevado que escapou.
Desesperado, o empresário português - que é filho de Arménio Sebastião, o emigrante português desaparecido desde 2016 - chegou a ameaçar cortar a via férrea para salvar o gado.
A situação está agora mais calma e as águas já começaram a descer. "Neste momento está tudo normalizado", disse à Lusa.
468 mortos e quase dois milhões de pessoas afetadas
O número de vítimas do ciclone ‘Idai’ em Moçambique voltou ontem a subir para os 468 mortos, depois de na véspera o balanço se ter mantido inalterado.
As Nações Unidas estimam o número de afetados que necessitam de assistência humanitária em cerca de 1,85 milhões de pessoas e lançaram um apelo de urgência para angariar 249 milhões de euros para os próximos três meses.
António Guterres, secretário-geral da organização, diz que a recuperação "vai levar tempo".
PORMENORES
Sete por contactar
O número de portugueses por localizar em Moçambique caiu para sete, revelou o secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, admitindo que se tratam de pessoas que não têm meios de contacto permanente, como telemóveis.
Voo adiado devido a avaria
O avião que ia partir ontem para Moçambique com material da Proteção Civil ficou em terra devido a problemas técnicos relacionados com uma avaria numa roda do aparelho, devendo partir hoje. A aeronave transporta material de emergência e equipamento para sustentação logística da Força Operacional Conjunta portuguesa que já está no terreno.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.