Em causa está a nova vaga de ataques terroristas em Moçambique.
A nova vaga de ataques terroristas em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, provocou 99.313 deslocados em menos de um mês, segundo estimativa divulgada esta terça-feira pela Organização Internacional das Migrações (OIM).
Em causa, de acordo com um boletim semanal daquela agência intergovernamental a que a Lusa teve acesso, está a deslocação de pessoas provocada pelos ataques ocorridos entre 8 de fevereiro e 3 de março, sobretudo nos distritos de Chiùre e Macomia, respetivamente com 91.239 e 5.719 deslocados naquele período, sobretudo (62%) crianças (61.492).
"Os ataques e o receio de ataques por parte de grupos armados", descreve a OIM, verificou-se sobretudo em Ocua, Mazeze e Chiùre-Velho, no distrito de Chiùre, com os deslocados a fugirem para a vila de Chiùre (28.754) ou para Erati, na vizinha província de Nampula (45.957).
Os registos da OIM apontam para 20.668 famílias deslocadas, por barco, autocarro ou a pé, em menos de um mês, no sul da província de Cabo Delgado.
No mesmo boletim, a OIM refere que entre 22 de dezembro de 2023 e 3 de março de 2024, "ataques esporádicos e medo de ataques de grupos armados" em Macomia, Chiure, Mecufi, Mocímboa da Praia e Muidumbe já levaram à fuga de 24.241 famílias, num total de 112.894 pessoas.
O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou no final de fevereiro a autoria de 27 ataques no mesmo mês, em vilas "cristãs" no distrito de Chiùre, Cabo Delgado, em que afirma terem morrido 70 pessoas.
Através dos canais de propaganda do grupo, que documenta estes ataques com fotografias, é referida ainda a destruição de 500 igrejas, casas, e edifícios públicos naquele distrito do sul da província de Cabo Delgado, conforme declarações a que a Lusa teve acesso.
Esta nova vaga de ataques em direção ao sul de Cabo Delgado, que tem vindo a crescer desde dezembro, após um período de vários meses de relativa acalmia, obrigou milhares de pessoas a abandonarem as suas aldeias, principalmente em Chiùre, mas as autoridades moçambicanas avançaram que há melhorias, com o número de deslocados -- segundo o executivo - a descer dos oficiais 67 mil para 45 mil, conforme avançou na segunda-feira o primeiro-ministro moçambicano, Adriano Maleiane.
A polícia moçambicana disse há uma semana, à Lusa, que está a "filtrar" o movimento de deslocados provocado pela nova vaga de ataques terroristas em fevereiro, sobretudo no distrito de Chiùre, à procura de eventuais insurgentes nesses grupos.
"Estamos a trabalhar com as comunidades, tendo em conta que temos de filtrar para poder perceber se neste grupo de regressados no distrito de Chiùre se encontram lá alguns infiltrados, alguns que podem estar associados ao terrorismo", disse o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Cabo Delgado, Aniceto Magome.
O alto comissário da ONU para os Refugiados disse na segunda-feira, em Maputo, que Moçambique precisa de encontrar "as melhores soluções" para as pessoas obrigadas a fugir dos ataques armados em Cabo Delgado e das calamidades naturais, prometendo apoio.
"O mais importante ainda é como ajudar o Governo a encontrar soluções para as pessoas deslocadas, quer ajudando a regressarem às suas casas ou a transferi-las para outros lugares ou [a manterem-se] onde estão", disse o alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, em declarações aos jornalistas, após ser recebido pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, em Maputo.
"Acordamos quanto aos passos subsequentes e à forma como as Nações Unidas podem melhor ajudar o Governo central e as autoridades locais a responderem a esta situação mediante a prestação de assistência humanitária, a curto prazo", afirmou.
Grandi, que prevê visitar Cabo Delgado esta semana, adiantou que está prevista a assistência jurídica aos deslocados e o apoio ao regresso às zonas de origem ou o reassentamento definitivo nas novas áreas.
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