Foi esta terça-feira que o seu nome voltou a estar nas bocas do mundo, particularmente em Espanha, após ter sido detido na Universidade de Lérida, a 150 km de Barcelona: Pablo Hasél era alvo de um mandado de detenção por "glorificar o terrorismo e insultar a monarquia". A detenção, efetuada pelos Mossos d’Esquadra (polícia catalã), viria a motivar uma onda de protestos em Espanha, que descambaram em violência com as autoridades.
O polémico rapper espanhol, que nasceu em Lérida em agosto de 1988, havia sido condenado a dois anos e nove meses de prisão – a pena viria a ser ratificada pelo Supremo para 9 meses -, acusado de "glorificação do terrorismo e insulto à Coroa e às instituições do Estado", não apenas nas músicas que compões e produz, como pelas publicações feitas na rede social Twitter, onde era comum dirigir mensagens de ataque à atuação policial e aos membros da realeza espanhola.
Como se tratava da quarta sentença de um tribunal contra o jovem, foi decretada a sua prisão.
Mas o ‘braço de ferro’ da justiça com o jovem de 32 anos começa logo em 2011, quando um tribunal declara que a liberdade de expressão do artista não contemplava o "discurso de ódio" que empregava nas letras.
Em 2017 um tribunal de Lérida viria a impor-lhe uma multa por rimas dirigidas ao autarca Àngel Ros, numa música que o rapper lhe ‘dedicou’: "Àngel mal nascido, mereces um tiro, vou-te esfaquear, arruinaste-me, vou arrancar-te a pela às tiras", ouve-se no tema que gerou polémica e que lhe valeu uma coima de 30 mil euros.
Já em 2017 condenado por resistência à detenção e desobediência à autoridade, em 2018 viria a ser novamente condenado por invasão de propriedade. A Audiencia Nacional viria a levantar a suspensão da execução da pena decretada pelo tribunal, que o havia condenado no caso que envolve as músicas e publicações do artista nas redes sociais, esta segunda-feira, espoletando a detenção de Pablo para cumprir pena.
O jovem procurou ‘refúgio’ na universidade local, juntamente com um grupo de apoiantes, e acabou por ter que ser retirado à força do espaço. "Seria uma humilhação indigna ir pelo meu próprio pé perante uma sentença tão injusta (…). Não vou ser o o único preso político, as cadeias do estado estão cheias de revolucionários que nos reapresentaram, lutando por direitos e liberdade democráticas. E por isso parte da minha sentença é por o explicar e ser solidário para com eles", escreve o rapper num comunicado que deixou nas redes sociais, antes de ser detido.
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Entre os versos considerados no caso, e que já motivaram condenação anterior em 2014, assim como as frases publicadas nas redes sociais que sustentam a acusação contra o músico, separatista catalão assumido estão:
- "O carro do Patxi López merece explodir!"
- "Não tenho pena por teres sido baleado no pescoço, socialista"
- "Alguém espete um machado de gelo na cabeça do José Bono"
- " Pena de morte para as Infantas patéticas, que gastam o nosso dinheiro em operações plásticas"
- "50 polícias feridos? Estes mercenários de m***** mordem a língua a agredirem pessoas e dizem que foram feridos"
- "O mafioso do Bourbon a festejar com a monarquia saudita, tudo próximo naqueles que financiam o Daesh"
- "O mafioso m****** do rei a dar lições num palácio, um milionário à custa da miséria do povo. Marca Espanha"
- "Os amigos do reino de Espanha a bombardearem hospitais ENQUANTO O Juan Carlos vai ás p**** com eles"
- "Mais um ano com a máfia e medieval monarquia, insultando a inteligência e a divindade com dinheiros públicos. Parece mentira"