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Quem matou JonBenét Ramsey? Netflix recorda homicídio da "rainha da beleza infantil" que está por resolver há 28 anos

Uma menina morta na cave, um bilhete de resgate "estranho" e mais de 21 mil pistas reportadas. Recorde um dos casos criminais mais mediáticos dos EUA.

29 de novembro de 2024 às 12:56

Para a América era a menina "perfeita", que preenchia todos os parâmetros da beleza dita convencional. Parecia ter um futuro grandioso pela frente, com forte presença na moda e no entretenimento. JonBenét Patricia Ramsey tinha apenas seis anos quando foi encontrada morta na cave de casa pouco depois de a mãe ligar para o número de emergência a dizer que a família tinha recebido um pedido de resgate. 

O mistério em redor da morte da "Rainha da Beleza Infantil'- como foi apelidada - é considerado um dos casos criminais mais mediáticos dos Estados Unidos e mesmo com o passar dos anos não sai do radar dos mais curiosos. Agora, com a minissérie documental da Netflix "Caso Arquivado: Quem Matou JonBenét Ramsey?", várias questões e contradições que marcaram a investigação ressurgem. Afinal, quem matou JonBenét? Terão os investigadores negligenciado provas? O que se sabe hoje, quase 28 anos depois, sobre este crime que permanece sem culpados?

Série volta a colocar caso debaixo dos holofotes

O sucesso da série "Caso Arquivado: Quem Matou JonBenét Ramsey?" voltou a atrair a atenção do público para a misteriosa morte de JonBenét. O documentário da Netflix centra-se nos erros que terão sido cometidos pela polícia e no “circo mediático” à volta do caso. Aborda ainda a possibilidade de as novas tecnologias poderem ter um papel determinante para se compreender o que, de facto, aconteceu à menina de seis anos.

A Polícia de Boulder, no estado do Colorado - encarregue da investigação - já veio refutar as acusações de que existiriam provas viáveis e pistas novas, apesar de todos os esforços estarem a ser empenhados para solucionar o caso.

Stephen Redfearn, chefe daquela polícia, afirma que acolhe com agrado a cobertura noticiosa e os documentários sobre o caso, uma vez que estes pode dar origem a novas pistas. No entanto, considera importante que os investigadores tenham cuidado com o que é partilhado, para que não exista o risco de se gerar ruído que impeça uma possível acusação.

Quem era JonBenét Ramsey?

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JBBB-1ux60yg.jpg FOTO: Moya Project

A menina nasceu a 6 de agosto de 1990 em Atlanta, Georgia, e quando tinha apenas um ano mudou-se com a família para Boulder, no Colorado. JonBenét foi batizada com este nome pela combinação do nome próprio - John - e apelido do pai - Bennett. 

O pai era empresário e a mãe, Patricia (Paugh) Ramsey, era uma antiga participante em concursos de beleza. A menina tinha quatro irmãos - Burke, John Andrew, Elizabeth Pasch e Melinda. 

Quatro anos antes da morte de JonBenét, a família Ramsey já tinha lidado com outra tragédia: Elizabeth morreu vítima de um acidente de viação aos 22 anos.

Tal como a mãe, a menina destacou-se pelo sua imagem e participou em inúmeros concursos de beleza. Conquistou vários títulos em concursos para crianças, incluindo na "America's Royal Miss", "Colorado State All-Star Kids Cover Girl" e "Little Miss Charlevoix Michigan". 

Apesar de todos reconhecerem a inegável beleza da criança, a família foi muito criticada por ter sujeitado a menina a uma "exposição excessiva".

Crime chocante

No dia 26 de dezembro de 1996, a polícia recebeu uma chamada, reencaminhada pelos serviços de emergência, a dar conta de que uma menina de seis anos tinha sido raptada e que a família tinha recebido um pedido de resgate de 118 mil dólares (cerca de 112 mil euros). A polícia de Boulder e o FBI foram acionados para investigar.  Foi Patricia, a mãe, quem ligou às autoridades.

A menina veio a ser encontrada morta com sinais de espancamento e estrangulamento na cave da casa dos Ramsey.  A morte foi tratada como homicídio, mas nunca ninguém foi acusado.

Família suspeita e polícia criticada

A polícia foi amplamente criticada e acusada de ter gerido mal a investigação inicial sobre a morte de JonBenét. Dada a falta de respostas, foram-se criando algumas teorias. Uma das mais fortes era de que a família seria responsável pela morte da menina. 

Esta teoria levantava várias "suspeitas" sobre o pedido de resgate. O bilhete era considerado excessivamente longo e tinha sido escrito com papel encontrado na casa dos Ramsey. Outro pormenor que despertava a atenção era o valor pedido: 118 mil dólares, valor que correspondia ao de um bónus que John tinha recebido no trabalho.

A tese criada foi a de que o irmão de JonBenét, Bukre, que à data tinha nove anos, teria matado acidentalmente a irmã e que, para poderem encobrir o crime do filho, os pais simularam toda a situação do sequestro. 

No entanto, em 2008, um procurador ilibou os pais, John e Patsy Ramsey, e o irmão Burke, com base em novas provas de ADN das roupas de JonBenét. 

28

ANOS 
Investigação reuniu mais de 21.000 dicas, 1.000 entrevistas e amostras de mais de 200 pessoas. O ficheiro do caso tem 2500 provas. Tudo está digitalizado

Segundo a Associated Press, nos últimos anos, os investigadores identificaram suspeitos em casos não solucionados ao comparar perfis de ADN de cenas de crime e resultados de testes de ADN partilhados online por pessoas que pesquisam as suas árvores genealógicas. 

Apesar de todos os esforços empenhados no caso, ninguém chegou a ser condenado pela morte de  JonBenét. No ano passado, a polícia convocou um painel de peritos externos para analisar a investigação e determinar se as novas tecnologias ou testes forenses poderiam produzir novas pistas. 

Os investigadores assumem que preferem continuar investigar o caso sem dar informações aos meios de comunicação até que sejam reunidas provas suficientes para solucionar o caso. 

“A JonBenét faria 34 anos este ano. Ela merecia crescer e viver a sua vida ao máximo. Mas, em vez disso, foi-lhe brutalmente tirada. Naturalmente, aqueles que amavam e conheciam JonBenét continuam a sofrer. Este crime também assombra a comunidade de Boulder, especialmente todos os agentes e detetives que fizeram parte desta investigação. Cada um deles pensa nela e não gostaria de nada mais do que fazer justiça em sua memória", pode ler-se numa nota do departamento da polícia de Boulder.  

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