O pior cenário confirmou-se: uma "implosão catastrófica" destruiu o submersível turístico ‘Titan’ e causou a morte instantânea dos cinco ocupantes, indicaram esta quinta-feira a Guarda Costeira dos EUA e a empresa OceanGate Expeditions, proprietária da embarcação.
O trágico desfecho foi confirmado depois de um robô subaquático canadiano ter encontrado um "campo de destroços" a mais de 3800 metros de profundidade e a cerca de 200 metros da proa do ‘Titanic’. Entre os destroços já identificados estão o cone traseiro e a extremidade traseira da câmara de pressão do submersível, o que confirma que a embarcação ter sofrido uma "implosão catastrófica" que provocou a morte instantânea dos cinco ocupantes. Tudo indica que terá ocorrido logo no domingo de manhã, quando o navio-mãe perdeu o contacto com o submersível. "Vamos continuar a investigar o campo de destroços. Sei que há muitas questões sobre como, porquê e quando aconteceu e vamos recolher tanta informação quanto conseguirmos", prometeu o almirante John Mauger.
"Estes homens eram verdadeiros exploradores, que partilhavam um espírito distinto de aventura e paixão profunda pela exploração e proteção dos oceanos. Os nossos corações estão com aquelas cinco almas e todos os membros das suas famílias", afirmou a OceanGate num comunicado.
OceanGate ignorou avisos
A empresa OceanGate Expeditions, proprietária do submersível, ignorou repetidos avisos sobre problemas de segurança e chegou a despedir um engenheiro que alertou que o veículo não era seguro. David Lochridge, diretor de operações do projeto ‘Titan’, questionou em 2018 o processo de desenvolvimento e testagem do submersível e recusou dar o seu aval à realização de mergulhos tripulados por entender que não estavam reunidas as necessárias condições de segurança. Foi sumariamente despedido. No mesmo ano, a Sociedade de Tecnologia Marítima escreveu uma carta ao CEO da empresa, Stockton Rush - o piloto da atual expedição -, a manifestar preocupação com a falta de certificação independente da embarcação, mas a missiva foi ignorada. "Por vezes temos de quebrar as regras", disse Rush.
Alguns dos passageiros que participaram em mergulhos anteriores denunciaram problemas técnicos, incluindo quebras de energia, e a aparente falta de qualidade dos materiais: as luzes vieram de uma loja de campismo, as câmaras foram compradas numa loja de eletrónica e o submersível era pilotado com um comando de videojogos.
Oito horas para dar o alarme
A OceanGate demorou oito horas a alertar a guarda costeira sobre o desaparecimento do ‘Titan’. O contacto com o submersível foi perdido às 13h45 de domingo e o alerta só foi dado às 21h40.
Ligação às vítimas do Titanic
Wendy Rush, mulher do CEO da OceanGate e piloto da fatídica missão do ‘Titan’, é descendente de Isidor e Ida Strauss, dois passageiros que morreram no naufrágio do ‘Titanic’, em 1912.