Estudo foi publicado na revista The Lancet Respiratory Medicine.
Quase o dobro de pessoas com covid-19 foram internadas no auge da pandemia do que por gripe no pico da temporada 2018/2019 e a taxa de mortalidade foi três vezes maior, segundo um estudo publicado na revista Lancet.
O estudo, baseado em dados nacionais franceses de 89.530 pacientes hospitalizados com covid-19 nos meses de março e abril deste ano e de 45.819 pacientes hospitalizados com gripe sazonal entre dezembro de 2018 e 28 de fevereiro de 2019, mostra que foi maior a percentagem de pacientes com covid-19 a precisaram de cuidados intensivos (16,3%) do que no caso da influenza (10,8%).
A taxa de mortalidade entre pacientes com covid-19 hospitalizados foi três vezes maior (16,9%) do que com a gripe sazonal (5,8%) e permanência média em unidades de cuidados intensivos no caso da covid-19 foi quase o dobro (15 dias na covid e oito na gripe).
Por outro lado, menos jovens com menos de 18 anos foram hospitalizadas com covid-19 em comparação com a gripe sazonal (1,4% na covid e 19,5% da gripe), mas uma proporção maior de crianças com menos de cinco anos necessitou de cuidados intensivos no caso da doença provocada pelo novo coronavírus (2,3%) do que no caso da influenza (0,9%).
Segundo os dados publicados esta quinta-feira na revista The Lancet Respiratory Medicine, a taxa de letalidade em crianças menores de cinco anos foi semelhante para ambos os grupos (0,5% na covid-19 e 0,2% na influenza).
Em pacientes com idades entre 11-17 anos, a taxa de mortalidade (1,1%) mostrou ser 10 vezes maior naqueles admitidos com covid-19 em comparação com os internados com gripe (0,1%), no entanto, os autores alertam que os números neste grupo são muito pequenos para tirar conclusões significativas.
Os autores indicam que a diferença na taxa de hospitalização pode parcialmente dever-se à imunidade existente quanto à influenza na população, seja como resultado de infeção anterior ou de vacinação. Em contraste, a covid-19 é provocada por um novo vírus em que muito poucas pessoas deveriam ter qualquer imunidade anterior.
No entanto, sublinham que as suas descobertas reforçam a importância de medidas para prevenir a propagação de ambas as doenças e "são particularmente relevantes, já que vários países se preparam para que a pandemia de covid-19 se sobreponha aos surtos de gripe sazonal".
Catherine Quantin, do hospital universitário de Dijon e do L'Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale (Inserm), que participou no estudo, afirmou: "O nosso estudo é o maior até agora para comparar as dois doenças e confirma que a covid-19 é muito mais grave do que a gripe".
"A descoberta de que a taxa de mortalidade da covid-19 foi três vezes maior do que a da gripe sazonal é particularmente impressionante quando lembramos que a temporada de gripe 2018/2019 foi a pior dos últimos cinco anos em França em termos de número de mortes", acrescentou.
O estudo é baseado em informações da base de dados administrativa nacional francesa (Program de Médicalisation des Systèmes d'Information, PMSI). Este banco de dados inclui detalhes de todos os pacientes internados em hospitais públicos ou privados em França, incluindo informações sobre por que foram admitidos e os cuidados que receberam durante o internamento.
Nesta análise, os investigadores concluiram que, no geral, a doença foi mais grave no caso dos doentes com covid-19 do que nos que tinham sido infetados com o vírus da gripe sazonal.
Os pacientes com covid-19 foram duas vezes mais propensos do que os doentes com gripe a necessitarem de ventilação mecânica invasiva durante o tratamento hospitalar (9,7% para 4%).
Segundo a investigação, mais de um em cada quatro (27,2%) doentes com covid-19 apresentou insuficiência respiratória aguda, em que os pulmões não conseguem levar oxigénio para o corpo, em comparação com menos de um em cada cinco pacientes com influenza (17,4%).
De acordo com os dados analisados pelos investigadores, as condições médicas subjacentes mais comuns entre os pacientes admitidos com covid-19 foram a hipertensão arterial (33,1%), excesso de peso ou obesidade (11,3%) e diabetes (19,0%).
Pascale Tubert-Bitter, diretor de investigação do Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale (Inserm) e da Universidade Paris-Saclay, em França, sublinhou: "Num momento em que nenhum tratamento demonstrou ser eficaz na prevenção de doenças graves em pacientes com covid-19, este estudo destaca a importância de todas as medidas de prevenção física e [...] de vacinas eficazes".
Contudo, os investigadores apontaram algumas limitações no seu estudo, designadamente o facto de as práticas de teste para influenza terem variado entre hospitais, enquanto o teste para covid-19 terá sido mais padronizado. Além disso, não é possível dizer se a temporada de gripe 2018/2019 é representativa de todas as influenza sazonais, embora os autores observem que foi a mais severa nos últimos cinco anos em França.
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