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Sobe para 104 o número de mortos em tragédia com chuvas torrenciais na cidade brasileira de Petrópolis

Choveu mais nas últimas horas que o que era esperado para todo o mês de fevereiro.
Domingos Grilo Serrinha e correspondente no Brasil 16 de Fevereiro de 2022 às 13:26
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Tragédia na cidade brasileira de Petrópolis já causou 38 mortos

Os números da tragédia provocada pelo forte temporal que se abateu, na tarde e noite desta terça-feira e madrugada de quarta, na cidade brasileira de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, não param de aumentar. De acordo com o Corpo de Bombeiros, foram confirmadas 104 vítimas fatais e dezenas de feridos e os moradores continuam a informar sobre o desaparecimento de familiares e vizinhos.

Segundo o Cemaden, Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais, em apenas seis horas da tarde e início da noite desta terça-feira choveu na cidade imperial de Petrópolis, erguida onde era a quinta do imperador D. Pedro I, 259 milímetros, mais do que era esperado para todo o mês de fevereiro. Além de fazer desmoronar encostas com casas e pessoas em cima, a chuva torrencial fez subir o nível dos rios que cortam a cidade e transbordaram, e no centro histórico a mistura de águas da chuva, dos rios e do esgoto chegou a mais de dois metros de altura dentro de residências, comércios e empresas e até no principal quartel dos Bombeiros, dificultano o início do socorro às vítimas.

Numa das áreas mais atingidas, o bairro Alto da Serra, no íngreme Morro da Oficina, onde ao amanhecer desta quarta-feira só se via uma enorme clareira e muita destruição, habitantes avançaram aos Bombeiros que até ontem havia 80 residências, que foram soterradas por toneladas de lama, rochas e árvores quando toda a encosta desmoronou. No local, foram encontrados até à manhã desta quarta seis corpos, não se sabendo quantos outros moradores estão sob os escombros ou conseguiram escapar.

Numa situação que dá bem uma ideia do drama que vivem os mais de 306 mil habitantes de Petrópolis, a 69 km da cidade do Rio de Janeiro, ao amanhecer desta quarta-feira centenas de alunos menores que estudam em infantários e escolas públicas e particulares da cidade ainda permaneciam nesses estabelecimentos de ensino, sem terem sido retirados pelos pais. Ninguém sabe se os responsáveis por essas crianças sucumbiram aos desmoronamentos, se estão isolados ou se não conseguiram um caminho para chegarem até essas escolas, pois todas as ruas estão cobertas com muita lama, com enormes pedras que caíram das montanhas, e até as equipas de resgate enfrentam dificuldades para circular.

Ao longo de toda a madrugada, emissoras de televisão mostraram ao vivo contornos da tragédia e repercutiram o desespero de pais, filhos, vizinhos e voluntários cavando até com as mãos verdadeiras montanhas de escombros tentando encontrar familiares e amigos sob a lama. Em 2011, uma outra tragédia provocada pela chuva deixou oficialmente cerca de mil pessoas mortas na região serrana do Rio de Janeiro, principalmente em Petrópolis, Teresópolis e Friburgo, e autoridades federais, estaduais e municipais prometeram então acções combinadas e emergenciais para evitar que algo parecido voltasse a acontecer, mas, até agora, pouco foi feito para conter encostas, para evitar novas construcções em áreas de risco, e as casas prometidas para quem ficou desalojado até esta quarta-feira não foram entregues.
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