O caso está a fazer correr muita tinta em todo o mundo e a chocar a opinião pública: Carlo Mosca, um médico italiano de 47 anos, a exercer no hospital de Montiarchi, na Lombardia, Itália, foi detido e está acusado do homicídio qualificado de pelo menos dois pacientes, doentes com covid-19, que o clínico terá assassinado para, segundo a acusação, "libertar as camas do hospital".
Carlo Mosca dirigia as Urgências do hospital teste setembro de 2018. Natural de Cremona, reside na zona de Mantua e encontra-se neste momento em prisão domiciliária a aguardar para ser presente a juiz.
Segundo a investigação permitiu apurar, o médico terá administrado propositadamente duas drogas anestésicas (Succinylcholine e Propofol), consciente de que causariam falência pulmonar nos doentes em causa, fragilizados devido à Covid-19, com o objetivo de os matar. As substâncias usadas são normalmente administradas em pacientes que vão ser entubados ou sujeitos a determinado procedimento cirúrgicos mas, segundo os relatórios médicos, nenhuma das alegadas vítimas do Dr. Mosca foi submetida a qualquer cirurgia ou procedimento.
A investigação ao médico só arrancou após uma denúncia anónima chegada ao ministério Público italiano, no final de abril de 2020.
As vítimas Natale Bassi, de 61 anos e Angelo Paletti, de 80 anos, morreram em meados de março às mãos do clínico. O hospital já estava na mira das autoridades de saúde. Numa altura em que os hospitais italianos estavam entupidos devido ao enorme número de doentes Covid, o hospital de Montiarchi registava maior número de mortes nas urgências; foi detetado como "anormal" o facto de as mortes ocorrerem pouco depois dos pacientes darem entrada e foram investigados cinco casos. Entre os meses de janeiro e março de 2020 foi também detetado um aumento nas encomendas de uma das substâncias suspeitas de terem sido usadas pelo médico.
As autoridades conduziram três exumações e nos corpos de dois homens encontraram os vestígios dos anestésicos que, administrados sem objetivo justificável, causariam a rápida falência do aparelho respiratório e a morte.
Nos relatórios médicos não consta a administração de qualquer uma das drogas encontradas e, por isso, o médico é também suspeito de falsificar os registos hospitalares.
Entre as provas que sustentam a acusação, estão várias mensagens trocadas entre enfermeiros da unidade gerida por Carlo Mosca, que o definem como "um louco" e denunciam não querer levar a cabo a ordens dadas pelo médico. "O doente vai ser intubado? Não. E ele manda-me dar-lhe anestésicos. É tudo uma loucura. Eu não vou matar doentes para libertar camas!", lê-se num desabafo entre duas enfermeiras do hospital.
Loco após a detenção o médico foi imediatamente suspeito de funções no hospital e foi aberto inquérito interno na unidade. O Dr. Carlo Mosca nega todas as acusações.