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Vereador de São Paulo perde o mandato devido a comentário racista

Camilo Cristófaro tentou justificar-se: primeiro disse que se referia a carros e depois explicou que era sobre um amigo.
Domingos Grilo Serrinha e correspondente no Brasil 20 de Setembro de 2023 às 17:51
Camilo Cristófaro
Camilo Cristófaro FOTO: Facebook

Pela primeira vez na sua já longa história, a Câmara Municipal da cidade brasileira de São Paulo anulou o mandato de um vereador por racismo.

Camilo Cristófaro, eleito pelo partido Avante, teve o mandato revogado por 47 votos a favor e cinco abstenções na noite desta terça-feira.

O polémico vereador, que há mais de 40 anos ocupa cargos públicos na maior cidade do Brasil e já se envolveu em vários outros episódios de preconceito contra mulheres e orientais, perdeu o mandato por uma frase dita em maio do ano passado durante uma sessão virtual da Câmara Municipal.

Sem perceber que o microfone pelo qual participava remotamente na sessão ainda estava ligado, o vereador comentou com alguém a seu lado "Isso é coisa de preto" e o comentário racista foi ouvido pelos seus colegas do parlamento municipal e ficou gravado no sistema de monitorização da Câmara.

Cristófaro fez o infeliz comentário ao contar a um interlocutor a seu lado que tinha ido a casa de um amigo e que, ao chegar, o encontrou a lavar a calçada da residência com uma mangueira. E disparou, em meio a uma risada, "lavar calçada é coisa de preto, né."

Após a chuva de críticas que recebeu na altura devido ao comentário, Camilo Cristófaro iniciou uma sucessão de tentativas de se explicar, alegando primeiro que estava a referir-se a carros pretos e não a pessoas, depois avançou que, na verdade, estava a referir-se a um amigo "muito querido" que é negro e a quem, pela amizade de tantos anos, chama de preto, e por aí fora.

Quanto mais tentava explicar-se mais a sua situação se complicou, e o resultado foi a perda do mandato esta terça-feira, após mais de um ano de tramitação de um processo interno, período durante o qual recorreu à justiça comum para tentar evitar a perda do mandato mas em vão, pois a decisão num caso como este é política e não meramente jurídica.
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