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Zelensky acusado de enfraquecer combate à corrupção

Centenas de pessoas manifestam-se em Kiev após aprovação de lei polémica. UE manifesta preocupação.

24 de julho de 2025 às 01:30

Milhares de pessoas saíram à rua na terça-feira à noite em várias cidades ucranianas nos maiores protestos contra o governo desde o início da guerra, após o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter promulgado uma lei polémica que coloca os principais organismos anticorrupção sob controlo direto do Estado. A União Europeia fala num "retrocesso" e já exigiu explicações.

A nova lei transfere o Gabinete Nacional de Combate à Corrupção e o Gabinete do Procurador Especializado contra a Corrupção para o controlo do Procurador-Geral, que é nomeado pelo Governo. Os críticas da medida alegam que a mudança compromete a independência dos dois organismos e constitui um grave retrocesso nas reformas introduzidas desde a revolução que afastou o presidente pró-russo Viktor Yanukovitch em 2014. Zelensky diz que a mudança é necessária para "eliminar a influência russa" nos dois órgãos e garante que "nada vai mudar" no seu trabalho.

Centenas de pessoas concentraram-se em frente à sede do Governo em Kiev, na terça-feira à noite, para apelar - em vão - ao presidente para não promulgar a medida, que tinha sido aprovada horas antes no Parlamento. Manifestações semelhantes ocorreram também em Lviv, Odessa, Dnipro e outras cidades. "Nós escolhemos a Europa, não a autocracia" e "O meu pai não morreu para isto", eram algumas das frases escritas nos cartazes empunhados pelos manifestantes.

A Comissão Europeia manifestou esta quarta-feira a sua preocupação com a adoção da nova lei, considerando que "ameaça enfraquecer seriamente os poderes e competências das instituições anticorrupção da Ucrânia". "O respeito pelo Estado de Direito e o combate à corrupção são pilares fundamentais da União Europeia. Como candidata à adesão, espera-se que a Ucrânia respeite plenamente estes princípios. Não pode haver meio-termo", avisou a Comissão. A advertência foi repetida pela Comissária do Alargamento, Marta Kos, que considerou que as duas instituições são "cruciais" para a adesão da Ucrânia à UE. "O desmantelamento das salvaguardas que protegem a independência dos órgãos anticorrupção é um sério retrocesso", avisou.

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