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Os professores de Língua Portuguesa em Moscovo e em São Petersburgo são mestres que conhecem profundamente o idioma português para ler, traduzir, verter, interpretar, escrever. Merecem ser chamados de conselheiros da Língua Portuguesa e da cultura luso--brasileira – esteios da cultura lusófona na grande nação eslava do Leste.

Em São Petersburgo, cidade que já conhecia, monumental em todos os aspectos, pisei os acenteiros de folhas amareladas no Outono que, nessa fase do ano, chamam os russos de ‘zalatói ossien’, ‘Outono Dourado’. Nenhuma outra amostra na cidade de Pedro, o Grande, que em 2003 completou 300 anos de fundação, apresenta um tão belo panorama de ‘Outono Dourado’ quanto o ‘Lietny Çad’, isto é, Jardim de Verão, onde o personagem Eugénio Oneguin, em criança, era levado a passear com o seu preceptor, um padre francês, na criação romântica de Pushkin.

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O Centro Português já tem uma lista de trabalhos realizados, do qual assinalamos ‘O Guia da Conversação Russo-Portuguesa Contemporânea’, e o livro intitulado em russo ‘Poesia Portuguesa Contemporânea’, de 306 páginas, edição bilingue com poesias seleccionadas e extraídas de 26 autores portugueses.

Trata-se de uma excelente edição feita sob os cuidados de Vadim Kopyl e que contou com o apoio do Instituto Camões, Intituto Português do Livro e das Bibliotecas e do Ministério da Cultura de Portugal. O prefácio, da autoria de Fernando Pinto do Amaral, está à altura da obra e as traduções ficaram a cargo da tradutora Helena Golubevoi.

Figuram na antologia poetas como Sophia de Mello Breyner, Eugénio de Andrade, Couto Viana, Ana Hatherly, Alexandre O’Neil, Pedro Tamen, Manuel Alegre, Vasco Graça Moura e Nuno Júdice e tantos outros.

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O Centro Lusófono obteve a introdução do Português como língua facultativa numa escola secundária de São Petersburgo, o que significa potencial alargamento da lista de frequentadores do Centro.

A Universidade de Coimbra, a Biblioteca de Lisboa, o Instituto Camões, a Fundação Gulbenkian e a Academia das Ciências de Lisboa estão entre as instituições culturais portuguesas que têm, de uma forma ou de outra, cooperado com o trabalho dos lusistas russos.

No pronunciamento que me coube fazer em São Petersburgo, no Centro Lusófono, com mais de 70 estudantes de Português, apresentei Brasil e Portugal como nações ligadas por sentimentos de grande fraternidade política e sociocultural. As relações entre Brasil e Portugal repousam sobre quatro pilares inamovíveis, inarredáveis, de valor perpétuo: sangue, língua, cultura e passado comum.

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Sempre sustentei que Portugal conduziu com o Brasil, a sua maior colónia, depois parte do Reino, um relacionamento verdadeiramente sem precedentes ou paralelo com referência ao que desenvolveram as restantes metrópoles europeias quanto às suas colónias nas Américas, África ou Ásia. Um modelo que chamo de ‘luso-brasilidade’.

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