Carlos Rodrigues

Diretor

"Culpar o Estado, muitas vezes, é apenas a solução mais fácil"

04 de agosto de 2025 às 00:32
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A história rocambolesca da antecipação para as 11 e meia da noite do fogo de artifício das Festas de Marinhais, no concelho de Salvaterra de Magos, para tornear o alerta vermelho decretado pelo Governo a partir da meia-noite, é apenas um exemplo de como o tema dos incêndios tem múltiplas e complexas causas. Parece um ‘fait-divers’, mas é revelador de uma cultura de um certo laxismo que deve ser combatida de forma pedagógica. Muitas vezes, o flagelo dos incêndios não se joga na triste sina das falhas no ordenamento do território, nem é fruto das malhas mafiosas do negócio de milhões, proporcionado pela indústria do combate às chamas, nem é subsidiária da necessidade de penas mais duras para os incendiários, que, curiosamente, têm sido alvo de uma mão mais pesada por parte da justiça.

Sabemos que tudo isso é verdade, e que as alterações climáticas, ou, pelo menos, o aumento estatístico das ondas de calor, têm aumentado o perigo dos fogos e a sua capacidade destruidora. Mas há também uma batalha pelo civismo e pela pedagogia de prevenção, que vai das pequenas coisas da vida, como a necessidade de evitar fogueiras ou queimadas, até ao problema maior do fogo de artifício, da limpeza dos terrenos, de cada proprietário ter um papel e uma responsabilidade que não deve ser ignorada. Os fogos são efetivamente um desafio global à sociedade, e culpar o Estado, muitas vezes, é apenas a solução mais fácil.  

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