"O debate entre Marques Mendes e Ventura acabou de forma inesperada"

O comentário político semanal é uma atividade muito difícil. A necessidade de emitir opiniões sobre todos os assuntos relevantes proporciona enganos, contradições e equívocos, nas mais das vezes proporcionados pela própria realidade. Ora, esse é um dos riscos de Marques Mendes na candidatura a Presidente da República, porque passou anos na SIC a analisar todas as semanas a atualidade do País e do Mundo.

O que pode correr mal, normalmente corre, no pior momento possível, e no mais inesperado também. Aconteceu ontem, porque o caso BES entrou de rompante na campanha eleitoral e nos debates, quando André Ventura citou algumas frases ditas por Marques Mendes num dos seus comentários semanais, seguramente já longínquo, que, manifestamente, envelheceram mal.

A jogada de Ventura teve tudo para parecer preparada ao pormenor. Surgiu mesmo no fim, quando Marques Mendes já não tinha tempo para se defender, e teve de conquistar a pulso alguns segundos para explicar que, à época, a informação oficial existente dizia que o Espírito Santo era sólido. Infelizmente, não era. E assim, o debate que opôs a autoproclamada “voz do povo contra as elites” ao candidato que se reivindicou “do sentido de Estado” acabou de forma inesperada. Como disse Ventura, talvez passem ambos à segunda volta, e aí terão nova ocasião para esclarecer os temas que ficaram pendentes.