Carlos Rodrigues

Diretor

"O problema político é que, este ano, os fogos surgem em cima das autárquicas"

22 de agosto de 2025 às 00:32
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Falta um pedido de desculpas. O Governo apercebeu-se finalmente de que estava a perder o pé, mais do que à situação política, ao próprio País. Vai daí, fez recuar a ministra da Administração Interna, a partir de agora desaparecida em combate, colocou no terreno os principais pesos-pesados, como o responsável da Economia, Castro Almeida, ou o líder parlamentar, cada vez mais na pele de uma espécie de vice-primeiro-ministro, Hugo Soares, e preparou um pacote de medidas de apoio às vítimas dos incêndios, com um Conselho de Ministros extraordinário em Viseu. O busílis da questão para a AD é que, este ano, os incêndios têm uma oportunidade política particular. Nos outros anos, o sofrimento dos fogos ocorre no verão, e rapidamente são esquecidos quando chegam as cinzas e a restante agenda mediática. Só que, este ano, a luta contra as chamas ocorre demasiado em cima das eleições autárquicas, e, se é verdade que os eleitores sabem distinguir entre as câmaras e o Parlamento, também é verdade que, por vezes, têm a tentação de castigar o Governo com um cartão amarelo. Se isso acontecesse, eis que o PS ou, eventualmente, o Chega, conseguiriam derrotar a AD. É isso, verdadeiramente, o que preocupa os estrategos da área política do Executivo. Só assim se explica que ainda não tenha havido um pedido de desculpas pelos festejos do Pontal, pela ausência dos governantes e por tudo o que correu mal neste verão. 

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