Já não tenho conta às vezes em que escrevi sobre fogos ao longo dos anos de profissão, repisando a necessidade de o Estado não esquecer o problema uma vez apagadas as chamas.
Tudo indica que este ano o drama se repetirá novamente, desta vez com a agravante das condições atmosféricas únicas, que provocaram um sobressalto coletivo e da proteção civil. Quando o fogo se transformar em cinzas, tudo ficará como dantes.
No final de mais um dia em que o País assistiu pela CMTV ao desespero das populações afetadas pelos incêndios, é difícil esquecer a queixa dos que gastaram fortunas a limpar o seu mato, mas ao lado o Estado não fez nada.
Ou as lágrimas de quem viu a escola da aldeia desaparecer porque a vegetação chegava à beira do edifício. Verão após verão, os fogos são a cicatriz em carne viva do nosso subdesenvolvimento.