Há uma certa volúpia pela guerra entre os líderes ocidentais. Um apetite bélico, um desejo e uma retórica militarista que tem alimentado a escalada do conflito na Ucrânia. Esse sentimento é partilhado pelas opiniões públicas - o espetáculo um tudo nada constrangedor do abraço dado por uma jornalista a Zelensky, em Londres, só é possível de compreender neste contexto.
Essa vertigem pela guerra parece-me ter uma explicação. Os políticos ocidentais encontraram neste conflito uma espécie de prolongamento da guerra cibernética que nasceu na guerra do golfo.
Não há botas no terreno, não há vítimas nem chegam sacos de cadáveres a nenhuma capital, é tudo frio, liofilizado e abstrato, como se de um jogo de computador se tratasse. Biden, Sunak ou Macron brilham com discursos, emoções e afirmações de força, porque os ucranianos são os únicos que disparam e que morrem, quais soldados virtuais de uma qualquer batalha videográfica.
O ocidente limita-se a enviar armamento, e combate por interposta carne para canhão. Uma guerra sem sangue, sem baixas nem sofrimento, intangível. É o cenário ideal para a tal volúpia, que tem provocado a escalada constante. Enquanto for possível brincar aos conflitos lá longe, vai ser difícil travar esta tentação.
Veremos quando Zelensky, depois de tanques e aviões, exigir a presença de soldados ingleses, franceses, portugueses e americanos no terreno.