É bom que os Estados europeus entendam o risco que estão a correr ao marcar as eleições para o início de junho. Em concreto, países como Portugal reúnem condições para uma autêntica tempestade eleitoral perfeita. Em primeiro lugar, a participação pode atingir mínimos históricos. Na véspera de uma série de feriados, o ato eleitoral de 9 de junho traz o sério risco de uma abstenção avassaladora, que mais não fará que desgastar simbolicamente o processo de construção europeia.
Depois, além da abstenção, e por causa dela, os partidos dos extremos podem obter resultados melhores do que o esperado, porque o seu eleitorado é o mais fixo e o que melhor resistirá à provável fuga de verão. Os projetos populistas, nacionalistas, ou de extrema-esquerda, principalmente os que escapam ao consenso europeu, preparam-se para um enorme maná eleitoral.
Também as sondagens vão sofrer: é bom que as empresas de estudos de mercado comecem a alertar responsavelmente o mundo político em Portugal que as europeias não são propícias a previsões muito certeiras, para que depois não volte a cair o Carmo e a Trindade. Vamos ser claros: o mais certo é que não houvesse alternativa ao calendário eleitoral definido.
Mas a Europa será colocada perante um enorme desafio com a eleição para o parlamento europeu em junho. É muito avisado começar a preparar tudo atempadamente, como ontem já deu sinais o MAI português, responsável pela organização do ato eleitoral entre nós.