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Carlos Rodrigues

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A liberdade e os valores do Ocidente hão de sobreviver ao obscurantismo

Carlos Rodrigues(carlosrodrigues@cmjornal.pt) 9 de Junho de 2023 às 00:33
Quis o destino que Salman Rushdie desse uma entrevista à RTP no dia em que um assassino sem nome esfaqueou 4 crianças e 2 adultos num parque infantil em Annecy, no Sul de França. As imagens deste ataque são do mais estupidamente violento que já vi, com um animal em forma humana a saltar entre baloiços, a dançar de louco contentamento enquanto os pais procuram proteger os filhos de facadas que só por milagre não serão fatais.

Dizem os relatos que este cidadão da Síria refugiado na Suécia gritava por Jesus Cristo enquanto praticava o mal absoluto. Por um outro deus mas com a mesma maldade gritou o filho de emigrantes libaneses que saltou para um palco em Nova Iorque para atacar Rushdie, que anda há décadas a enganar a morte por causa de um livro que o regime iraniano considerou ofensivo para a religião.

O escritor apareceu ontem no Telejornal do canal 1 da RTP com uma lente escura a tapar-lhe o olho que ficou cego, endurecido por cicatrizes na face direita e no lábio, que o deixam de boca à banda, claramente envelhecido, voz mais frágil a brotar de uma garganta massacrada. À jornalista Ana Daniela Soares falou, pasme-se, de perdão. “Se alguém foi horrível connosco e lhe perdoamos, não saberá onde se meter. É algo muito poderoso, perdoar às pessoas.” Rushdie é a prova viva de que a liberdade e os nobres valores do Ocidente hão de sempre sobreviver à maldade e ao obscurantismo.
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