O Governo vai enfrentar e derrotar amanhã mais uma moção de censura, a terceira, se a memória não me falha, em menos de dois anos de vida. Trata-se novamente de uma iniciativa do partido Chega, que servirá apenas para cumprir calendário, porque o PS tem uma sólida maioria absoluta no Parlamento. Porém, este movimento possui o inquestionável mérito de provar que André Ventura tem a plena consciência de que as coisas não lhe andam a correr nada bem. Está entalado no meio de uma tenaz de realismo político.
Eis a razão principal para que o Chega e Ventura se sintam obrigados a dar uma prova de vida política. Sempre que o eleitorado busca soluções razoáveis para problemas reais, se olhar para o partido de Ventura só vê um enorme vazio, habitualmente preenchido por retórica extremista e sem grande densidade ideológica para disfarçar. A agravar esta falta de ideias e de protagonistas, qualquer sinal de crescimento da alternativa do PSD, por mais tímido que seja, assusta de imediato os partidos à direita dos sociais-democratas. Acresce que se aproximam as eleições na Madeira, e a estratégia anti-Feijóo desenvolvida por Miguel Albuquerque vai varrer o Chega do mapa político da Madeira.
A moção de censura diz mais sobre o difícil momento político do Chega, que a lança, do que sobre o Governo, que é o seu alvo, e que até agradece a oportunidade de obter uma vitória fácil. No fundo, estava a precisar.