É bem sabido que o tema da remodelação governamental ganhou novo contexto político depois do lançamento do livro de Cavaco. A lição do antigo primeiro-ministro e antigo Presidente transforma a simples referência a um refrescamento do executivo numa espécie de tabu, ou zona interdita para o Governo de Costa. Porém, tudo o que já se sabe sobre os tempos de João Gomes Cravinho à frente da Defesa adensa a nuvem negra sobre o atual chefe da diplomacia portuguesa.
Com Cravinho à frente, o ministério que tutela as Forças Armadas transformou-se num antro de suspeitas, negócios escuros, favores, derrapagens de orçamentos e concursos à medida. Sempre com o desconhecimento absoluto do responsável governamental, que, até prova em contrário, permanece totalmente inimputável neste escândalo.
É certo que o triste episódio de bicicletas pelos ares e assessores barricados em casas de banho ficará na história da República como a página negra por excelência, o verdadeiro grau zero da governação. Com tudo o que já se sabe, Gomes Cravinho é uma espécie de Galamba ao retardador. Envergonhará as instituições na mesma medida que Galamba, porém fê-lo de forma mais duradoura. Na formação do executivo houve informações de que Marcelo terá pressionado para que Cravinho saísse da Defesa. A ser verdade, seria bom que o Presidente explicasse o que o levou a fazê-lo.