Se olharmos para a realidade fria dos resultados eleitorais na Madeira, não há dúvida de que se trata de uma vitória relevante da direita moderada. Por várias razões: a coligação do PSD com o CDS neutraliza o PS, fica à beira da maioria absoluta, e tem duas saídas possíveis para governar (PAN e IL). Em ambos os casos não precisa do Chega, que vê confirmada a sua previsível subalternização política porque não será necessário para governar. Montenegro tem uma certa razão ao dizer que este seria um resultado de sonho nas legislativas. O problema é que qualquer eleição tem um resultado e uma perceção, que por vezes é mais importante que o próprio escrutínio dos votos. Ora, a expectativa que se tinha criado era de uma maioria absoluta, pelo que se instalou nos sociais-democratas o sentimento de que soube a pouco. Além disso, a presença do líder nacional do PSD no Funchal, inédita na história das noites eleitorais na Madeira, acabou por ser um ato falhado, com Luís Montenegro a procurar em direto explicações para uma vitória escassa. Devia ter ficado em casa, e falava depois do desenlace e da solução governativa que vier a ser encontrada. Mas, acima de tudo, houve o erro crasso de Miguel Albuquerque: disse que se demitia se não tivesse maioria absoluta. Agora carregará esse peso nos próximos 4 anos de governação, e para o que vier a ser o resto da sua carreira política.